O Comércio do Porto

Num período em que deixou de haver papel para a tinta correr, os jornalistas e demais trabalhadores de O COMÉRCIO DO PORTO encontram neste espaço a via para o exterior, por forma a manter viva a alma do jornal mais antigo de Portugal continental. Envie as suas mensagens para comercio151@hotmail.com

sexta-feira, setembro 30, 2005

Milhares de doses de cocaína e heroína apreendidas a um casal de desempregados no Bairro do Aleixo

Um casal de desempregados, ele de 18 anos, ela de 30, moradores no Bairro do Aleixo, no Porto, foram detidos hoje à tarde por alegado tráfico de droga, referiu uma fonte da PSP/Porto.
Os agentes da Divisão de Investigação Criminal (DIC) apreenderam aos suspeitos cocaína que daria para 2226 consumidores e heroína em quantidade suficiente para abastecer 1185 pessoas. Além dos estupefacientes, os agentes investigadores apreenderam 1512,22 euros, um relógio, dois telemóveis e artigos em ouro.
Esta foi mais uma boa "colheita" da DIC, cujos elementos de cada vez que vão ao Bairro do Aleixo, saem de lá com detidos e milhares de doses de droga apreendidas.

Manuela Pinto

quinta-feira, setembro 29, 2005

Não tinha carta de condução, mas tinha 2,16 g/l de álcool no sangue

Se conduzir não beba, já dizia o slogan de uma das campanhas rodoviárias. No caso de um técnico de ar condicionado, de 34 anos, morador no Porto, poder-se-ia acrescentar: se conduz um carro e não tem carta, não levante suspeitas. Principalmente se passar por um carro-patrulha. Pois este técnico de ar condicionado não só resolveu pegar num carro, sem estar legalmente habilitado para o fazer, como ainda acusou uma taxa de alcoolemia proibitiva: 2,16 g/l.
Os factos remontam às 4h00 de hoje, altura em que o técnico de ar condicionado conduzia um Seat Ibiza, na Rua de S. Roque da Lameira, no Porto. No carro seguiam ainda um aposentado de 38 anos e um empresário de 41, ambos residentes na Invicta.
Naquela altura os três amigos viram um carro patrulha e resolveram abrandar a marcha, o que, de acordo com uma fonte policial, levantou suspeitas aos polícias.
Os agentes do carro-patrulha abordaram então os indivíduos que estavam no Seat e verificaram que o condutor não tinha carta de condução. O automobilista foi ainda submetido ao teste de alcoolemia e acusou a taxa de 2,16 g/l. A Lei determina que quem acuse uma taxa igual ou superior a 1,20 g/l de álcool no sangue deva ser detido. O condutor foi então detido e notificado (pelo crime do álcool) que estava inibido de conduzir por um período de 12 horas e que deverá comparecer amanhã no Tribunal.
Até aqui, a contabilidade ia apenas num detido. Mas como os amigos do técnico de ar condicionado resolveram, de acordo com a mesma fonte, sair do carro e insultar os agentes… foram detidos.

Manuela Pinto

Sugestão de leitura: “Os Piores Contos dos Irmãos Grim” – Luis Sepúlveda e Mário Delgado Aparaín

Ironia implacável

Rui Azeredo

Os irmãos Grim (assim mesmo, só com um “m”) são os protagonistas do último livro do chileno Luis Sepúlveda e do uruguaio Mario Delgado Aparaín e nada têm a ver com os Irmãos Grimm alemães autores de contos de fadas que inspiraram o novo filme de Terry Gilliam. Nada, quer dizer, quase nada… Afinal, em ambos os casos, são dois irmãos, chamam-se Grim(m), existiram na realidade e inspiraram autores contemporâneos (de literatura e de cinema) para duas histórias cómicas e delirantes, onde a fantasia impera sobre o verídico. Outro ponto em comum: se o filme é dirigido por Terry Gilliam, o livro, reconheceu Sepúlveda, tem muito de Monty Python, precisamente o grupo de humoristas onde o realizador se revelou.
“Os Piores Contos dos Irmãos Grim” (Edições ASA), escrito em parceria por Sepúlveda e Aparaín, surgiu depois do autor chileno ter visto uma notícia do início do século XIX sobre dois “payadores” (pessoas que pagavam com cantigas a comida e o alojamento) que tinham sido apupados por uma plateia em fúria numa festa numa fazenda na ponta sul do Chile - até objectos lhes atiraram. Curioso com a história destes irmãos (os tais Grim), Sepúlveda prosseguiu a pesquisa e descobriu que eles embarcaram para o Uruguai, ali mesmo ao lado. Coube então a Aparaín a tarefa de detective e este descobriu, em jornais uruguaios da década de 20, que os dois irmãos se mantiveram activos e com o mesmo resultado: apupos e lançamento de objectos para o palco.
E nada mais se soube deles!
Sepúlveda e Aparaín viram aqui o ponto de partida para concretizar um projecto antigo, um livro escrito a meias. E o resultado é “algo completamente diferente”. Um romance epistolar sobre a vida (imaginada) dos dois irmãos Grim, curiosamente chamados Abel e Caim. “Os Piores Contos dos Irmãos Grim” é um livro humorístico onde a ironia é rainha e o “nonsense” uma presença constante. A pretexto dos irmãos Grim muitas histórias são contadas, umas baseadas em factos reais outras pura imaginação dos autores, invariavelmente todas muito divertidas.
Neste romance, assente numa troca de correspondência entre dois estudiosos dos Grim, os professores Segismundo Ramiro von Klatsch, da Patagónia, e Orson C. Castellanos, do Uruguai, cabe todo o tipo de personagens, a maior parte delas inspiradas em figuras reais. Afinal, basta atentar nos seus nomes: Miguel Strogoff, Humberto de las Mercedes Bogart, Juanito Weissmuller, Carloto Heston, Genaro Kelly, Pancho Lancaster, George Bushtamante, entre outros.
Os temas abordados vão da política à religião, passando pela defesa do meio ambiente, havendo lugar a homenagens a amigos dos autores ou a locais que os marcaram. A Póvoa de Varzim é um desses lugares e merece uma curiosa referência: “...embarcações capazes de navegar directamente para o Oceano Atlântico e, daí, continuar em linha recta até às costas portuguesas da Póvoa de Varzim, onde é conveniente chegar depois do pôr-do-sol, hora crepuscular em que os libertinos dessa povoação tratam de se desfazer das tangas usadas durante o dia, põem-nas a secar nas suas vistosas varandas de azulejos e se entregam ao ritual de se enfrascarem com vinho verde até ficarem profundamente adormecidos e com muito pouco sangue na torrente alcoólica” (pág. 53).
Cheio de ritmo, este livro lê-se com imenso prazer, não só pelas gargalhadas que pode proporcionar, mas também pelo gosto de se descobrir a realidade travestida pela ironia implacável de Sepúlveda e Aparaín, que assim conseguem fazer uma implacável crítica sociall e política que atravessa todo o século XX e entra já no XXI.
“Os Piores Contos dos Irmãos Grim” é um livro muito divertido, mas que pode e deve ser levado a sério. A denúncia, a crítica, a acusação estão presentes, lado a lado com o agradecimento e a homenagem. Tudo muito bem misturado e ainda melhor servido.

Sugestão de cinema – “Os Irmãos Grimm”

Terry Gilliam delira no mundo dos contos de fadas

Rui Azeredo

Estreia hoje em Portugal “Os Irmãos Grimm”, mais um delirante filme de Terry Gilliam, o mais “discreto” (e único americano) dos elementos dos Monty Python, mas também o que mais se destacou como realizador, ou não fosse o autor de, por exemplo, “Doze Macacos”, “Brazil” ou “O Rei Pescador”.
Matt Damon, Heath Ledger e Monica Bellucci lideram o elenco de um filme que, contudo, vale mais pela história e pela recriação do ambiente rural místico do início do século XIX na Alemanha ocupada pelos franceses.
Gilliam pegou em duas personagens reais – os irmãos Grimm (Jacob e Will), autores de contos de fadas como Cinderela, Hansel e Gretel, Rapunzel e o Capuchinho Vermelho – e ficcionou as suas vidas antes de se tornarem escritores consagrados. Aliás, com o decorrer do filme assistimos a cenas onde há referências bem explícitas a estes contos; mas estas inserções resultam em pleno num filme já de si delirante e fantástico, com um sentido de humor que, inevitavelmente, tem raízes nos Monty Python.
Nesta história saída da fértil imaginação de Gilliam, os irmãos Grimm formam uma dupla de “exorcistas” especialista em expulsar espíritos e criaturas demoníacas de casas amaldiçoadas em pequenas aldeias. Mas essas criaturas que eles espantam são, afinal, idealizadas e criadas pelos próprios Grimm, como engenhosos mecanismos, de modo a enganar os ingénuos aldeões. Só que, descobertos pelas autoridades francesas, Jacob e Will são obrigados a viajar até Marbaden, na Alemanha, onde desapareceu na floresta uma série de raparigas. E agora vão ter de enfrentar um mundo fantástico e tenebroso bem dentro de uma negra floresta carregada de mistérios e magia.
Excelente ideia bem transposta para o grande ecrã, “Os Irmãos Grimm” destaca-se ainda pelos cenários, pela imagem e pela recriação de ambientes, pecando apenas por alguns (poucos) momentos de “nonsense” exagerado, algo despropositados apesar da “loucura” omnipresente na obra.

terça-feira, setembro 27, 2005

Sugestão de leitura: “Amores Feiticeiros” – Tahar Ben Jelloun

Racional “versus” tradicional em Marrocos

Rui Azeredo

“Amores Feiticeiros”, do escritor marroquino radicado em França Tahar Ben Jelloun, é um livro de novelas, recentemente editado pela Cavalo de Ferro, onde o autor, através de histórias de amor (ou desamor), faz um retrato dos contrastes entre Ocidente e Oriente, mas também do quanto teria a ganhar a sociedade marroquina se mais se ocidentalizasse.
Estas histórias de amor que nos apresenta, invariavelmente com acção em Marrocos, representam, acima de tudo, o choque, por vezes impossível de aceitar, entre o pragmatismo das sociedades modernas e as “feitiçarias” de um mundo mais tradicional, ainda bastante enraizado em Marrocos. Mesmo as personagens mais cépticas quanto ao poder das feitiçarias, mezinhas, poções, etc., acabam por se tornar mais crentes face às vicissitudes da vida, que não conseguem “curar” com um pensamento racional próprio das sociedades modernas.
Invariavelmente são homens, com cargos ditos mais iluminados, músicos, advogados, escritores, cientistas que, apesar de nascidos em Marrocos, têm dificuldade em aceitar o mundo mágico da superstição.
Mas uma obra de Ben Jelloun não poderia “limitar-se” a abordar temas como o amor e a superstição e sendo assim não falta a crítica social e política neste livro, não poupando o obscurantismo que tantas vezes ensombra o país.
Há um conto que se destaca dos restantes, por abordar uma temática diferente da geral, mas não é por isso que chama mais a atenção. È realmente um conto belíssimo, apesar de trágico, onde o autor se põe na pele de um dos autores - um qualquer, não identificado - dos atentados de 11 de Setembro de 2001. Revela-nos o dia antes do terrorista, especialmente os seus pensamentos, muitas vezes contraditórios. Mostra-nos como para conseguir levar a cabo os seus intentos – participar no ataque terrorista – tem de se separar da criança que foi no passado, como se de uma resultassem afinal duas pessoas bem distintas. Uma situação de conflito interior, muito provavelmente comum a muitos que optam pelo fundamentalismo religioso. Atenção, portanto, a “A Criança Traída”.
“Amores Feiticeiros”, traduzido por Maria do Rosário Mendes, custa 17,20 euros e tem 272 páginas. A obra, um original de 2003, está dividida em quatro partes - Amores Feiticeiros, Amores Contrariados, Traição e Amizade – e consegue captar o leitor pela intensidade e genuinidade com que o autor “veste” as suas personagens, pessoas normais, com problemas graves e soluções, por vezes, inesperadas.

O autor

Tahar Ben Jelloun, que nasceu em Fez (Marrocos) em 1944 mas vive em França desde 1971, é um dos mais consagrados escritores contemporâneos, traduzido em todo o mundo, vencedor de um Goncourt e do IMPAC (de Dublin).
Estudou na Universidade de Paris, onde fez o doutoramento em Psiquiatria Social.
Iniciou a carreira literária em 1973, escrevendo em francês, e em 1984 recebeu o conceituado Prémio Goncourt com o romance “La Nuit Sacrée”. Em 2004 recebeu o Prémio IMPAC graças a “Uma Ofuscante Ausência de Luz” (Edições ASA).
Normalmente empenhado em causas sociais, nos seus livros surgem quase sempre as contradições da sociedade árabe contemporânea, dividida entre a modernidade e a tradição, entre o Estado e a Religião. Outra das suas temáticas favoritas é a relação do Ocidente com o mundo árabe.

Sugestão de Leitura: "A Caixa de Fósforos" - Nicholson Baker

Ao riscar de um fósforo

Rui Azeredo

“A Caixa de Fósforos”, de Nicholson Baker, tem uma daquelas capas que não enganam. Ou seja, o prazer que se sente quando se olha para ela é proporcional ao que se sente ao ler este livro sobre as pequenas coisas do dia-a-dia.
É um livro, editado em Portugal pela Quetzal, sobre os pequenos prazeres da vida, aos quais muitas vezes não damos a devida atenção. Sobre isso é melhor atentar nas palavras do autor, Nicholson Baker: “Quero que os meus livros sejam sobre aquelas coisas em que não reparamos mesmo quando estamos a reparar nelas. Aquelas coisas que registamos de passagem, mas nunca ‘emolduramos’ – até que alguém como eu escreve um livro sobre elas. O livro é essa moldura”.
Neste pequeno romance, escrito na primeira pessoa, acompanhamos os pensamentos e actos de Emmet, um editor de manuais de medicina que, já na meia-idade, se levanta diariamente por volta das 4h30, prepara um café e com um fósforo acende a lareira. O acender do fósforo, um único por dia, é o mote para, sentado no sofá, começar a pensar em assuntos que vão da mais pura banalidade à importância da relação com os dois filhos ou a mulher.
O autor consegue abordar estes assuntos, quase sempre de uma forma positiva, sem cair na lamechice, dando-lhes antes uma importância que muitas vezes nós não lhes conseguimos atribuir, talvez por serem tão presentes e simples.
“A Caixa de Fósforos” está escrito de uma forma bastante simples, onde assuntos aparentemente fúteis se transformam em temas fundamentais. O gato da casa, a pata doméstica, a maneira de lavar a louça e o modo de preparar o café revelam-se temas de capital importância para o bem-estar pessoal, tanto como outros relacionados com a educação dos filhos, a relação com a mulher ou até o suicídio. Todos merecem fazer parte do pensamento do dia, logo a seguir ao riscar do fósforo.
De leitura fácil e agradável, mas muito longe de ser literatura “light”, “A Caixa de Fósforos” é um romance muito recomendável tanto pelos temas abordados como por fugir, com sucesso, ao esquema tradicional do contar uma história.

O autor

Nicholson Baker, norte-americano nascido em 1957, já escreveu seis romances para além de “A Caixa de Fósforos”: “The Mezzanine” (1988), “Room Temperature” (1990), “Vox” (Gradiva, 1998), “A Fermata” (Bertrand, 1998), “The Everlasting Story of Nory” (1998) e “Checkpoint: a Novel (2004)”. Escreveu também ensaios como “U and I: a True Story” (1991), um registo da sua obsessão por John Updike, “The Size of Thoughts” (1996) e “Double Fold: Libraries and the Assault on Paper” (2001), ensaio contra a política de destruição de jornais antigos nas bibliotecas americanas.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Polícias manifestam-se em clima de grande tensão

Mais uma vez este ano, os profissionais das forças de segurança vão manifestar-se contra as medidas preconizadas por este Governo que, dizem, afecta os seus direitos adquiridos, designadamente, no que concerne à PSP, por exemplo, o facto de irem receber na reforma apenas 65 por cento do salário bruto.
Os profissionais das forças de segurança vão concentrar-se pelas 17h00 na Praça do Comércio, em Lisboa, devendo depois manifestar-se junto da presidência da República.
“Os subsídios e suplementos que recebemos não contam para efeitos de reforma. O Governo pretende que, indo para a reforma, os profissionais da PSP recebam apenas 65 por cento do salário. A ser assim, iremos receber uma miséria”, referiu um elemento da PSP, salientando que os profissionais desta força fazem serviços extra (os designados remunerados) para fazer face ao “parco salário”.
“O ministro mantém a idade da reforma aos 60 anos, mas continua com a ideia da redução dos salários e de outras regalias e é por isso que nos sentimos defraudados”, frisou um outro polícia. Afinal, salientaram os profissionais ouvidos pelo OCOMERCIODOPORTO.BLOGSPOT.COM, “as regras do jogo foram mudadas quando este já decorria”. Que é como quem diz: acenaram com mundos e fundos para atrair elementos para a PSP e depois puxaram-lhes o tapete.
Inconformados com estas medidas, a instituição policial vive num autêntico barril de pólvora, já que são estas as preocupações que dominam as conversas, seja nos locais de trabalho ou nos momentos de folga.
Tal como OCOMERCIODOPORTO.BLOGSPOT.COM teve oportunidade de constatar em várias ocasiões, o ambiente está ao rubro e há mesmo elementos que se dizem “dispostos a tudo” nesta manifestação: “É para a molhada! Apanha quem vier pela frente. Seja quem for”.
E para prevenir eventuais represálias (leia-se identificação), alguns elementos dizem que irão usar capuzes. Pelos vistos, mostram-se dispostos a tudo.
Aparentemente, poderemos estar na eminência da versão Secos e Molhados II, a exemplo do que aconteceu há mais de uma década em que polícias se viraram contra polícias e foram usados canhões de água para dispersar os manifestantes policiais. Na altura, uns manifestavam-se, enquanto outros eram obrigados a cumprir ordens carregando sobre os colegas. Tudo serviu para tentar conter a manifestação policial: canhões de água e cães. Curiosamente, notou-se que os cães hesitavam em cumprir as ordens dos seus tratadores, porque teriam que ir sobre polícias. Ora, os cães são treinados para não atacar fardas…Resultado: os cães não avançaram sobre os polícias.
Vamos ver como irá decorrer a manifestação.
Esta manifestação é, mais uma vez, promovida pela Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança, que inclui a PSP, GNR, SEF, Polícia Marítima e Serviços Prisionais. Porém, sabe OCOMERCIODOPORTO.BLOGSPOT.COM, desta vez mais sindicatos irão associar-se a esta forma de luta.

Manuela Pinto

terça-feira, setembro 20, 2005

“Uma Longa Viagem com Álvaro Cunhal” na Cooperativa Árvore

A obra “Uma longa viagem com Álvaro Cunhal”, da autoria de João Céu e Silva, vai ser apresentada sábado (24 de Setembro) na Cooperativa Árvore, no Porto.
O evento vai ter lugar às 16h00 com a apresentação a ficar a cargo de Maria Eugénia Cunhal, poetisa, escritora e irmã de Álvaro Cunhal
Esta obra, das Edições ASA, percorre os nove livros de ficção de Álvaro Cunhal (escritos sob o pseudónimo de Manuel Tiago) numa busca por pessoas reais que inspiraram a criação das personagens pelo autor e situações semelhantes às vividas nos contos e romances.
Com concepção gráfica de Armando Alves e responsabilidade editorial de José Cruz Santos, este livro reproduz três dezenas de ilustrações de autoria de Álvaro Cunhal.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Será que já contaram connosco?

"Estatísticas

Desemprego aumentou 1%

Em Agosto havia 464.888 pessoas inscritas nos centros de emprego

Em Agosto havia 464.888 pessoas inscritas nos centros do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Este valor representa um aumento de 1 por cento face a Julho. Em comparação com o mesmo mês do ano passado, o desemprego registado aumentou 3,4 por cento.

O número de adultos desempregados aumentou 4,3 por cento, enquanto o de jovens caiu 1,8 por cento.
A Madeira foi a região que registou maior subida do desemprego (14,6 por cento), seguida do Norte (mais 7 por cento)".


(Notícia retirada de www.jn.pt dia 19 de Setembro de 2005)

O CP vai estar no canal 2 (quarta-feira, dia 21)

Tomei a liberdade de retirar integralmente a seguinte informação de http://webjornal.blogspot.com/

"A Capital/O Comérico do Porto

Há dias, num post neste weblogue, Manuel Pinto perguntava que se estaria a passar com os jornais A Capital e O Comércio do Porto. O post colheu 10 comentários, mas, à excepção de algumas intrigas internas, pouco se ficou a saber sobre os destinos destes dois títulos. Talvez a edição do Clube de Jornalistas da próxima quarta-feira (Dois, 23h30) revele algumas novidades. Em estúdio vão estar Alfredo Maia, presidente do Sindicato dos Jornalistas, Arminda Rosa Pereira, membro da comissão dinamizadora da Cooperativa Alternativa de Produção Jornalística, Helder Pereira, professor da pós-graduação em Economia Social do Instituto Politécnico de Santarém e Rogério Gomes, último director de ?O Comércio do Porto?.
:: Madalena Oliveira 9:45 PM [+] :: ... "

Alternativa na Internet

A partir de hoje, a Cooperativa Alternativa está na Internet.

domingo, setembro 18, 2005

Bertrand edita comparação entre Estaline e Hitler


“Os Ditadores: A Alemanha de Hitler e a Rússia de Estaline”, de Richard Overy, é uma das grandes apostas da Bertrand para a rentrée literária que estamos a atravessar. Já a Quetzal, do mesmo grupo editorial, aposta na ficção com “A Caixa de Fósforos”, do norte-americano Nicholson Baker.
Richard Overy traça, em “Os Ditadores”, um paralelo entre as ditaduras de Estaline - na Rússia - e Hitler - na Alemanha - que presidiram aos regimes mais destrutivos da História, travaram uma dispendiosa guerra mas, mesmo assim, conseguiram mobilizar milhões de pessoas. O autor propõe-se a desmontar ideias feitas sobre as diferenças e semelhanças ente as duas ditaduras e procura dar resposta a algumas questões: como foram possíveis estas ditaduras? Como funcionaram? Que laço poderoso unia o ditador ao seu povo? Para isso compara a política, a ideologia, a economia e o sistema militar de ambas as ditaduras. Inclui ainda elementos da vida pessoal de cada um dos ditadores.
Richard Overy, segundo um press realese da Bertrand, entende que o apoio das populações decorre não de um estado de terror, mas de um estado de ilusão criado por ambos os regimes. As ditaduras, diz o estudioso, são “alimentadas pela aclamação das massas e pelo fascínio pelo poder sem restrições”.
O autor destaca uma questão fundamental: “Porque é que eles pensavam que tinham razão?”
Overy considera que os regimes liderados por Estaline e Hitler surgem como malformações decorrentes da catástrofe da Primeira Guerra.
Richard Overy é professor de História no King’s College, em Londres. É autor de diversas obras sobre a II Guerra Mundial e o Terceiro Reich. É membro da Academia Britânica desde 2000 e em 2001 foi galardoado com o Samuel Eliot Morison Prize pela sua contribuição para a história militar.

Até ao último fósforo

“A Caixa de Fósforos”, de Nicholson Baker , é um livro “sobre aquelas coisas em que não reparamos mesmo quando estamos a reparar nelas. Aquelas coisas que registamos de passagem, mas nunca ‘emolduramos’ - até que alguém como eu escreve um livro sobre elas. O livro é essa moldura”. A definição é do próprio autor, nascido nos EUA em 1975, que em Portugal já tinha publicado “Vox” (Gradiva, 1998) e “A Fermata” (Bertrand, 1998).
“A Caixa de Fósforos” é, segundo a editora, um trabalho de miniaturista, que celebra a existência nos seus mais insignificantes e triviais pormenores. Emmett, editor de manuais de medicina de meia-idade, levanta-se todos os dias às 4h30, prepara um café, acende a lareira com um único fósforo e senta-se no sofá a pensar. A substância do romance é precisamente esta: os pensamentos simples, coloquiais, de um homem insone discorrendo sobre os detalhes da vida doméstica, a mulher e os filhos, o gato e o pato, o suicídio e as formas que as labaredas assumem na lareira. Dia após dia, fósforo a fósforo, Emmett ilumina parte da sua consciência, até incendiar um mundo gigantesco de vivências minúsculas: experiências parcialmente esquecidas, inarticuladas. Quando a caixa de fósforos fica vazia, o romance termina.

Rui Azeredo

“Papillon” reeditado quando a sua autoria é posta em causa

“Papillon”, uma das mais conhecidas obras literárias do mundo e que deu origem a um filme com Dustin Hoffman e Steve McQueen, está envolvido numa grande polémica. A sua autoria, desde sempre atribuída a Henri Charrière, está agora em causa. Uma investigação levada a cabo pela polícia brasileira indica que o verdadeiro Papillon era René Belbenoît, que terá sido o primeiro a conseguir a fuga da Ilha do Diabo liderando um grupo de outros prisioneiros, onde, aí sim, estava Charrière.
Recorde-se que “Papillon” (publicado em Portugal na década de 70 pela Bertrand, que agora reedita a obra), conta a história de um condenado ao degredo na Guiana Francesa, na Ilha do Diabo, por um crime que não cometeu. Após uma primeira fuga, que o levou a passar pela possessão britânica de Trindade, Curaçau e Colômbia, o chamado Papillon foi apanhado e de novo enviado para o degredo. Esteve dois anos na solitária e, mal saiu, tentou de novo fugir, mas sem sucesso. Após mais treze anos de detenção, finalmente conseguiu encetar a fuga definitiva. Estávamos em 1935 e após a publicação das memórias, com pormenores terríveis, dos anos no degredo e das tentativas de fuga, a França decidiu encerrar a temível prisão da Ilha do Diabo.
Charrière, entretanto, encontrara refúgio na Venezuela, onde ainda lançou mais um livro, “Banco”, onde contou o que lhe sucedeu depois de fugir da prisão. Henri Charrière, que até meados de Agosto se pensava ser o verdadeiro Papillon, morreu em 1973.
Passados mais de 30 anos a FENAPEF - Federação Nacional dos Polícias Federais (Brasil) – apresentou, em Agosto passado, provas oficiais de que o verdadeiro Papillon era René Belbenoît. Este era conhecido pela borboleta (papillon, em francês) que tinha tatuado no peito. Todos o tratavam por Papillon, também porque na prisão se entretinha a caçar e vender colecções de borboletas. Belbenoît era um intelectual francês que falava quatro línguas e escrevia de forma compulsiva. Durante os anos em que esteve preso e após a fuga trocou correspondência com a escritora americana Blair Niles, a quem enviou para publicação nos EUA duas obras: “Hell on Trial” e “Dry Guillotine”. Nesta última relatava a fuga que conduziu os presidiários à então Guiana Inglesa e finalmente os radicou em Roraima, no Brasil, a partir de 1940. Belbenoît e Niles acordaram então que um dos fugitivos do grupo, de nome desconhecido, deveria seguir para os EUA e assumir a identidade de René, como medida de segurança para o grupo que ficara na América do Sul. A descoberta deste falso René trouxe uma nova luz às investigações sobre a verdadeira identidade de Papillon. Peritos da Polícia Federal brasileira verificaram que René Belbenoît morreu em Surumú, na Amazónia, em 1978, e não na Califórnia, em 1959, como se supunha.

Como Charrière se
apoderou de “Papillon”


René Belbenoît e Henri Charrière separaram-se em 1943 e reencontraram-se em 1955. Nesta época, Belbenoît recebeu uma proposta de um realizador americano para reescrever “Dry Guillotine” como guião de cinema e relatando a fuga de apenas um prisioneiro. Acabou por escrever uma obra muito extensa e entendeu que a melhor forma de a enviar para os Estados Unidos era através da Venezuela. Entrou então em contacto com Charrière, que trabalhava num porto, para que este reencaminhasse o manuscrito. Só que este acabou por guardar consigo a obra e quando soube da morte do falso René, nos EUA, contratou um jornalista gaulês para fazer uma adaptação para francês que contaria, contudo, com mais um prisioneiro como protagonista. Acabou por lançar o livro “Papillon” em 1969, dizendo que era autobiográfico. Para ter mais credibilidade tatuou uma borboleta no peito. Com base numa mentira nasceu uma das obras mais vendidas no mundo e que agora merece ser lida com outros olhos.

Rui Azeredo

sexta-feira, setembro 16, 2005

Foragido da prisão apanhado em carro roubado

Na vida dos polícias por vezes os casos mais corriqueiros acabam por revelar situações extraordinárias, como a de um foragido da prisão que no espaço de quatro dias roubou um carro à mão armada e depois foi apanhado nesses mesmo veículo por agentes da PSP da esquadra da PSP de S. Mamede de Infesta.
Trata-se de um desempregado, de 31 anos, morador na Póvoa de Varzim, e a história que levou à sua detenção começou pelas 18h00 de ontem, na Rua do Professor Joaquim Bastos, altura em que agentes da PSP o viram a conduzir um Peugeot 206. Ao ver os polícias, o desempregado parou o carro e fugiu, tendo de imediato sido perseguido e apanhado.
Uma vez imobilizado o suspeito, os polícias consultaram a central de dados e verificaram que o Peugeot constava para apreender, pois tinha sido roubado a uma mulher sob a ameaça de uma arma branca, no dia 12 deste mês. A lesada apresentou queixa no Posto da GNR da Póvoa de Varzim.
Os agentes de S. Mamede de Infesta descobriram também que o desempregado estava evadido da prisão.

Manuela Pinto

Embalador detido no Monte Crasto com 892 doses de haxixe

Um embalador de 22 anos, residente em Gondomar, foi detido esta madrugada (0h30), por possuir haxixe em quantidade suficiente para 892 doses, no Monte Crasto, em Gondomar.
O Monte Crasto é um dos ex-libris de Gondomar, com imensas árvores e uma capela situada bem no alto de onde se vislumbra uma fantástica vista. Contudo, este “pulmão” gondomarense tem sido conotado, desde há algum tempo, como referiu uma fonte policial, com o tráfico e consumo de estupefacientes.
Por isso, numa incursão que agentes da Divisão de Investigação Criminal fizeram esta madrugada, deram de caras com o jovem embalador dentro de um Toyota vermelho. Após uma revista sumária, os polícias encontraram as 892 doses de haxixe e apreenderam também 31,49 euros, por suspeitar que esta quantia fosse proveniente de tráfico.

Manuela Pinto

quinta-feira, setembro 15, 2005

Desempregados detidos com droga no valor de meio milhão de euros

A PSP/Porto efectuou ontem à noite uma das maiores apreensões de droga de que há memória neste comando metropolitano, já que agentes da Divisão de Investigação Criminal (DIC) apreenderam heroína em quantidade suficiente para abastecer 55 mil consumidores e cocaína que dava para 20 mil doses individuais, que no mercado do narcotráfico valeriam cerca de meio milhão de euros, como referiu uma fonte policial.
Desta operação resultou a detenção de dois desempregados, de 21 anos, que, de acordo com a PSP, faziam tráfico no já por demais famoso Bairro de S. João de Deus, no Porto.
A detenção teve lugar numa mata situada na freguesia de Baguim do Monte, em Gondomar.
Além da heroína e da cocaína, os polícias apreenderam seis mil gramas de um produto, normalmente usado para “traçar” a droga e assim aumentar as doses: normalmente, os traficantes misturam o estupefaciente com outros produtos, para assim fazerem render mais a droga.
Como é hábito nestes casos, os polícias apreenderam também uma balança electrónica de precisão (usada para fazerem as doses) e dois telemóveis.

Manuela Pinto

Taxistas detidos por agredirem e insultarem agentes da PSP

Dois taxistas foram detidos ontem à tarde, pelas 15h00, por terem agredido e insultado agentes da PSP, na Estação de Campanhã, no Porto. Um deles tem 60 anos e reside em Leça do Balio, Matosinhos, enquanto o outro tem 31 e mora no Porto.
De acordo com a PSP, agentes da Esquadra de Segurança Ferroviária estavam num dos túneis de acesso às plataformas dos comboios, quando foram abordados pelo taxista de 60 anos que os terá “injuriado com palavras ofensivas à sua honra e dignidade” como referiu uma fonte policial, salientando que, ao mesmo tempo, o indivíduo empurrou os polícias contra a parede e desferiu vários socos contra o peito de um deles. Entretanto, o taxista de 31 anos foi ajudar o colega, insultando e ameaçando os polícias.
O caso ficou de tal forma feio que os polícias chamaram reforços. Ao ver mais polícias, o taxista de 31 anos fugiu para o Largo da Estação, entrou no táxi e seguiu para a Rua de Justino Teixeira, ali perto. Como esta rua está fechada ao trânsito e alguns automobilistas bloquearam a passagem do táxi, o suspeito foi apanhado. Mesmo assim, frisou a fonte policial, o taxista recusava-se a sair da viatura, pelo que os polícias usaram da força para o retirar.
Dentro do táxi, os polícias encontraram um cassetete, “próprio para uso por parte das forças de segurança”, salientou a mesma fonte.
O taxista foi receber tratamento ao hospital de S. João, no Porto, e depois de ter alta foi fazer companhia ao colega para ambos serem presentes a Tribunal.

Manuela Pinto

MOJAG na discoteca Blá Blá dia 16

Os britânicos MOJAG vão estrear-se em Portugal, para apresentação do seu álbum "Never Silent, na discoteca Blá-Blá em Matosinhos já nesta sexta-feira, dia 16.
Este concerto é o primeiro de muitos e surge como uma das diversas acções de promoção da banda em solo português.
O disco, o primeiro da carreira do grupo, foi editado no Reino Unido pela DAWG RECORDS, onde trabalha o produtor Jonathan Miller, que já produziu discos de artistas portugueses como DELFINS, MADREDEUS, RESISTÊNCIA, SILENCE 4 e bLUNDER.
O concerto no Blá-Blá tem início às 23 horas. A abrir as hostes vão estar duas bandas da cidade do Porto: os WEFLOAT e os BLACKBERRY.

Intriga de morte no Vaticano em "O Confessor"

Rui Azeredo

“O Confessor”, bestseller da autoria do escritor norte-americano Daniel Silva, é posto à venda em Portugal a 22 de Setembro, numa edição da Bertrand, dando assim início a uma trilogia protagonizada por Gabriel Allon, restaurador de obras de arte que ao mesmo tempo é um agente dos serviços secretos de Israel.
Allon combina a inteligência e ferocidade dos espiões com a melancolia de alguém assombrado pelo passado. Trava uma luta interior entre a paixão pelo restauro e a memória da destruição em que esteve envolvido, nomeadamente o Holocausto e o conflito israelo-árabe. Em Veneza, Allon é visto pelos colegas de trabalho como um homem ácido e solitário que passa longas horas a ressuscitar “Madonnas” danificadas. É considerado um artista, mas a dedicação quase obsessiva às pinturas alimenta especulações sobre a sua identidade.
Entretanto, em Munique, na Alemanha, o professor judeu Benjamin Stern, antigo companheiro de armas de Allon, é assassinado após se ter empenhado num projecto secreto de investigação sobre a posição da Igreja Católica no Holocausto. Simultaneamente, em Roma, o novo Papa, Paulo VII, dá sinais de não ser tão inofensivo como aparentava. A sua vontade de abrir arquivos secretos do Vaticano perturba largas facções da Igreja Católica e leva a que ressuscite uma antiga e lendária organização na história do Vaticano, a Crux Vera – esta, com o intuito de eliminar o Papa, faz entrar em acção o “Leopardo”, um dos mais caros assassinos a soldo.
Para escrever este romance, Daniel Silva consultou material histórico, entrevistou diplomatas, antigos padres e jornalistas que fizeram reportagens sobre o Vaticano e foram presos.
Segundo o site Bookreporter.com “a intriga de ‘O Confessor’ é complexa, mas tão verosímil que, no final do livro, perguntamo-nos até que ponto isto não terá de facto acontecido, ou estará para acontecer.” O mesmo site indica ainda: “De Veneza a Roma, de Munique a uma pequena vila na Suíça, de um convento nos Alpes a Londres, este livro avança a um ritmo de cortar a respiração. Todos os intervenientes são imperfeitos: os protagonistas já mataram e voltarão a matar se tiverem de o fazer. A diferença está nas motivações de cada um. O leitor aprende a fazer as suas escolhas distinguindo entre diferentes tonalidades de cinzento. O único tipo bom, i.e. que não é um assassino, é o Papa.”

Estreia em Portugal

“O Confessor”, que só nos EUA vendeu mais de 525 mil exemplares desde que foi lançado em 2003, é a primeira obra de Daniel Silva a chegar a Portugal, que assim vai poder conhecer aquele que já é considerado um autor revelação, que se move na linha dos antigos romances de espionagem e dos actuais thrillers políticos. Por isso, o escritor já foi considerado um digno sucessor de talentos como Graham Greene e John Le Carré.
A crítica tem revelado que Daniel Silva, nas suas obras, defende que a História é liderada por pessoas pertencentes a mundos secretos. O autor reconhece que, no seu entender, “a História é 80 por cento confidencial”.

Daniel Silva tem
raízes nos Açores


Daniel Silva, que escreveu sete bestsellers em sete anos, tem nacionalidade americana, mas é filho adoptivo de um casal de açorianos e o avô era um pescador nascido nos Açores. Antes de em 1994 se dedicar em exclusivo à escrita de romances foi jornalista, produtor executivo da CNN (nomeadamente dos programas “Crossfire” e “Inside Politics”) e repórter de guerra durante o conflito Irão-Iraque. O seu contacto com a realidade do Médio Oriente deu-se a partir do ano de 1987, quando foi colocado como correspondente no Cairo, no Egipto.
Desde 1994 já escreveu os romances “The Unlikely Spy”, “The Mark of the Assassin”, “The Marching Season”, “The Kill Artist”, “The English Assassin”, “O Confessor”, “A Death in Vienna” e “Prince of Fire”, este último já em 2005.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Astérix aprendeu a falar mirandês

Rui Azeredo

O dia 15 de Setembro de 2005 vai passar a figurar como a data em que Astérix, Obélix e Companhia começaram a falar mirandês. “Asterix L Goulés - Eidiçon na Mirandês” é apresentado pelas edições ASA hoje às 18h30, no El Corte Inglés de Lisboa, passando assim a estar disponível na segunda língua oficial de Portugal a primeira história dos heróis gauleses criados por Goscinny e Uderzo em 1961 - ao todo já há traduções para 110 línguas ou dialectos em todo o mundo.
Na apresentação do álbum estará presente Sylvie Uderzo, filha de Albert Uderzo e responsável pelas edições Albert-René, detentoras dos direitos das obras da dupla de criadores de Astérix. A sessão de lançamento contará ainda com uma exibição dos Pauliteiros de Miranda.
O álbum foi traduzido para mirandês por Amadeu Ferreira, defensor e promotor da desta língua que é mestre em Direito, professor, tradutor, escritor e conferencista. Amadeu Ferreira contou nesta tarefa com a colaboração de Domingos Raposo e Carlos Ferreira, dois professores de mirandês.
Em jeito de aperitivo segue-se a versão, em mirandês, da habitual apresentação dos álbuns de Astérix:
“Stamos an 50 antes de Jasus Cristo. Toda la Gália stá adominada puls romanos… Toda ? Nó! Ua aldé chena d’eirredutibles gouleses rejiste inda i siempre al ambasor. Cumo ye possible que ua pequerrixa aldé perdida pa l meio de la Gália seia capaç de rejistir a un eisército tan fuorte? L que fai cun que seia ambencible ? Ua parte de la repuosta stá na receita de la pocion mágica, porparada por Panoramix, l druida”.
“Asterix L Goulés” estará à venda por 12 euros.

Novo Astérix a 14 de Outubro

Envolto no maior segredo está o título e o conteúdo do novo álbum de Astérix, cujo lançamento mundial será no dia 14 de Outubro, data em que o livro, também com a chancela da ASA, chega a Portugal. Actualmente conhecido pelo nome de código “Astérix 33”, o álbum vai ser apresentado em Bruxelas, na Bélgica, de 21 a 25 de Setembro, através de um série de iniciativas de grande impacto mediático. Da autoria de Uderzo, que desde a morte de Goscinny em 1977 acumulou às funções de desenhador as de argumentista, “Astérix 33” será o pretexto para uma série de actividades envolvendo o mundo dos irredutíveis gauleses. Assim, logo a 21 serão apresentados dois aviões de passageiros, de uma companhia aérea de Bruxelas, ilustrados com desenhos de Astérix e Obélix.
Para o dia 22 está reservada a revelação de uma série de novidades numa conferência de imprensa onde serão apresentados seis selos postais Astérix. Ainda nesse dia será inaugurada a exposição “Le Monde Miroir d’Astérix”.
A 23, a famosa Grand Place de Bruxelas será transformada numa aldeia gaulesa, havendo lugar à disputa de jogos como o lançamento de menires.
Finalmente, no dia 24 de Setembro a pequena estátua do Mannekenpis vai envergar um fato de Obélix-criança, antes de um encerramento em grande com um verdadeiro banquete à gaulesa. Ainda neste dia será possível experimentar a poção mágica de Panoramix.

segunda-feira, setembro 12, 2005

Depois dos Festivais de Verão os grandes concertos que Portugal vai acolher…

Depois da folia dos festivais de Verão que trouxeram ao nosso país grandes nomes da música internacional (e fora estes, também os U2…), começam agora a desenhar-se as agendas para espectáculos que prometem encher as salas que os vão receber.

O primeiro destes eventos será certamente a estreia de 50 Cent em Portual, que tem concerto marcado no dia 1 de Outubro, no Pavilhão Atlântico. Considerado neste momento a coqueluche do rap mundial, o seu último trabalho “The Massacre” já ultrapassou globalmente os seis milhões de vendas e em Portugal está no TOP há mais de quatro meses. “Candy Shop” e “Disco Inferno” são os singles já conhecidos do grande público e que passam com insistência nas rádios nacionais. Do concerto do rapper 50 Cent também faz parte uma passagem pelo primeiro disco “Get Rich or Die Trying”. O espectáculo começa às 21h30.

Novembro é o mês em que duas bandas vão levar milhares ao Pavilhão Atlântico. E se a primeira é a mais famosa “boysband” do mundo, os segundos acolhem neste momento em Portugal uma igual legião de fãs, conquistada através de músicas simples mas com muito conteúdo. Ambos os grupos vêm apresentar os seus novos trabalhos. Já adivinharam?
No dia 11 os Backstreet Boys actuam a partir das 20 horas, mostrando o porquê dos cinco anos em que estiveram “desaparecidos”. O nome do novo trabalho? “Never Gone” já foi apresentado ao público português através do single “Incomplete”.
A 23 de Novembro está marcado o regresso dos Coldplay. “X & Y” é o mais recente disco de originais do quarteto britânico. Chris Martin é a voz do grupo que nos traz as fantásticas sonoridades já demonstradas nos anteriores álbuns “A Rush Of Blood To The Head” e “Parachutes”. O concerto começa às 21 horas.

O mês de Dezembro marca também o regresso de uma banda que este ano já marcou presença no festival Super Bock Super Rock. The Black Eyed Peas vêm novamente mostrar “Monkey Business”. Basta relembrar o que aconteceu nos outros espectáculos do grupo por terras lusas e este será um concerto a não perder para os fãs da banda de Fergie, William, Apl.de.ap e Taboo. O concerto é no dia 8 de Dezembro pelas 20 horas.

Mas a pensar ainda no que este ano nos trará mais a nível de grandes concertos, muitos já têm na mão o bilhete para ver os Depeche Mode em 2006. A banda visita o nosso país no dia 8 de Fevereiro para um concerto a não perder no Pavilhão Atlântico.

Estreia dos concertos Promenade no Coliseu com Rui Rio

Susana Ribeiro

A partir do próximo dia 18 de Setembro o Coliseu do Porto inicia o ciclo de dez concertos Promenade que, com uma regularidade mensal, vai contar com a participação de individualidades da cidade como Rui Rio, Pinto da Costa, Belmiro de Azevedo, Carvalho Guerra, Manuela de Melo, Pedro Abrunhosa e Rui Reininho, entre outros.
Os concertos Promenade vão ter lugar aos domingos de manhã, sempre às 11h30, e prolongam-se até Julho de 2006. A direcção artística dos espectáculos está a cargo do maestro Cesário Costa, responsável pela selecção das obras que vão ser interpretadas pelas dez orquestras sinfónicas nacionais. Os concertos serão explicados e comentados pelo professor Jorge Castro Ribeiro e pelos diversos maestros que vão dirigir as orquestras.

Os convidados especiais destas manhãs de domingo, uma vez por mês, no Coliseu, já escolheram a peça que vão apresentar no evento. No próximo dia 18 de Setembro, dia do primeiro Promenade, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, é quem faz a estreia com a peça “Guia da Orquestra para Jovens” de Benjamim Britten, compositor inglês do século XX. A peça vai ser apresentada pela Orquestra Clássica de Espinho.
A parte audiovisual está a cargo da Escola de Artes da Universidade Católica do Porto, já que todos os espectáculos vão ser multimédia.
O preço dos bilhetes é de 10 euros e existe um desconto de 50 por cento para quem comprar ingressos para todos os espectáculos ou para grupos escolares.

“Ensinar a ouvir música”

Segundo José António de Barros, presidente da Associação dos Amigos do Coliseu do Porto (AACP), os concertos Promenade estão orientados para um público jovem e com o objectivo de “dar a conhecer e ensinar a ouvir música” e prevê-se que “as famílias da cidade proporcionem aos mais jovens uma manhã de domingo diferente” em prol da cultura musical. De acordo com o presidente da AACP este “é um esforço no sentido de criarmos novos públicos e audiências mais qualificadas”.
Os concertos sinfónicos Promenade contam, também, com o apoio da Câmara do Porto que distribui, por cada um dos dez espectáculos, 500 bilhetes a jovens das escolas C+S da cidade.

Ópera em Novembro: “O Barbeiro de Sevilha”

Com o lançamento dos concertos Promenade, a AACP relembra também a sua aposta contínua na produção operática onde existe um investimento em “espectáculos de qualidade com parceiros de qualidade”, refere o presidente da associação, recordando as parcerias com o Círculo Portuense de Ópera e a Orquestra Nacional do Porto, assim com as transfronteiriças com o Teatro La Scala de Milão e a Ópera de Bolonha e de Treviso.

Em Novembro, o Coliseu do Porto vai voltar a receber uma super produção com base naquelas parcerias: “O Barbeiro de Sevilha”, de Rossini.
Esta ópera traz à sala portuense os cenários e os principais solistas que venceram o 34º Concurso Internacional de Ópera de Treviso em 2004, assinalando assim o encerramento da produção operática do Coliseu deste ano.

Carro furtado encontrado na Via Panorâmica com assaltante ao volante

A Via Panorâmica do Porto, situada na zona do Campo Alegre, é um dos locais de eleição dos assaltantes de viaturas, a par, por exemplo, do Bairro do Aleixo.
Por isso, é também um local de passagem dos agentes da PSP, que não raras vezes encontram ali carros furtados. E muitas vezes ao volante desses carros está o assaltante.
Foi o que aconteceu ontem de manhã, pelas 9h00, com um metalúrgico, de 32 anos, residente em Vila Nova de Gaia, que foi visto por agentes da 17ª esquadra ao volante de um Peugeot, que tinha furtado na zona de Bustos, tendo o dono apresentado queixa no posto da GNR.
Com o metalúrgico estava uma empregada de balcão, de 22 anos, residente no Porto, e um vendedor ambulante, de 39 anos, residente em Gaia.
Ao fiscalizar o carro, os polícias verificaram que o metalúrgico não tinha a documentação do carro, pelo que ao consultarem os registos dos carros furtados logo constataram que o Peugeot era furtado.
O veículo foi então aprendido, assim como um telemóvel e vários documentos em nome de outras pessoas.
Os polícias deixaram o casal seguir em liberdade, porque, de acordo com uma fonte policial, desconhecia que o carro era furtado.
OCOMERCIODOPORTO.BLOGSPOT.COM chama a atenção dos leitores para a importância de nunca deixar os documentos do carro no interior do mesmo.

Manuela Pinto

Vela poderá ter causado incêndio que desalojou duas idosas

Uma vela pode ter sido a causa de um incêndio que hoje de madrugada (0h25) deflagrou numa casa, situada na Rua de Roberto Ivens, em Matosinhos e que provocou queimaduras numa idosa, referiu uma fonte policial.
A casa era habitada por duas idosas, que tiveram que ser evacuadas, assim como os moradores dos prédios contíguos, por elementos da Protecção Civil.
As duas idosas foram transportadas para o Hospital de Pedro Hispano, em Matosinhos, tendo uma delas sofrido queimaduras nos braços e nas pernas, pelo que ficou internada. A outra recebeu alta após ter sido tratada.
O incêndio foi combatido por bombeiros voluntários de Leixões e Matosinhos/Leça, num total de 23 elementos, que o deram como extinto às 3h30.
De acordo com a fonte policial, as vítimas disseram que o fogo poderá ter tido origem numa vela que estava acesa numa das divisões da casa. Além desta residência, outras duas ficaram igualmente afectadas pelo fogo.

Manuela Pinto

Apanhado com revólver ilegal

Um desempregado, de 18 anos, residente no Porto, foi detido ontem de madrugada (4h40), por possuir uma arma de defesa, de calibre 6 mm, para a qual não tinha licença de uso e porte.
A detenção foi efectuada por agentes do carro-patrulha da esquadra de S. Mamede Infesta, numa bomba de gasolina, situada na Via Norte, em Matosinhos. Aos agentes patrulheiros não passou despercebido o “nervoso miudinho” do jovem desempregado, pelo que o abordaram. Ao ver-se confrontado pelos polícias, o desempregado entregou a arma de fogo, que continha quatro munições.
Além disso, os polícias apreenderam-lhe quatro argolas, uma volta com um crucifixo, três pulseiras, quatro anéis em ouro e um telemóvel.

Manuela Pinto

domingo, setembro 11, 2005

Reedição de “A Campanha do Argus” recorda a pesca do bacalhau


“A Campanha do Argus – Uma História da Pesca do Bacalhau”, de Alan Villiers, conhece nova edição, desta vez com chancela da Cavalo de Ferro. O álbum de 384 páginas e profusamente ilustrado com fotografias custa 25 euros e tem introdução de Álvaro Garrido, director do Museu Marítimo de Ílhavo, historiador e docente da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Este livro, assinado por um oficial da Armada australiana, é considerado um clássico da literatura marítima mundial. Alan Villiers, que trabalhou diversas vezes para a National Geographic em assuntos do mar no pós-II Guerra Mundial, escreveu uma narrativa de viagem do Argus, um dos mais belos veleiros da frota bacalhoeira portuguesa.
A convite de Pedro Teotónio Pereira, embaixador português em Washington, embarcou com os pescadores portugueses na Primavera de 1950. Ao longo de cinco meses registou a dureza da “faina maior” para a documentar. Da viagem única que fez, de Lisboa aos bancos de pesca da Terra Nova, Villiers compôs um tríptico: um livro (com edição original em inglês, em 1951, e tradução portuguesa meses depois), um filme e um álbum de fotografias. A projecção internacional do livro foi tal que teve tradução em mais de uma dezena de línguas.
A Cavalo de Ferro decidiu agora reeditar a obra com um preâmbulo contextualizador ilustrado com belas imagens e partindo de uma nova tradução do original.
“The Quest of The Schooner Argus” (título original) foi uma obra bastante divulgada no estrangeiro, mercê dos esforços do aparelho de propaganda salazarista.
Alan John Villiers nasceu em Melbourne, na Austrália, em 1903. Oficial de Marinha e repórter de temas marítimos, tornou-se famoso pelos seus trabalhos para a revista da National Geographic e diversos jornais australianos e britânicos. Realizou filmes documentais e escreveu mais de uma dezena de crónicas de viagens marítimas. Editados na Grã-Bretanha e nos EUA, os seus livros conheceram traduções em diversas línguas. Em 1951 deu a conhecer ao mundo a pesca do bacalhau por homens e navios portugueses.
Alan Villiers faleceu em Oxford em 1982.

Marroquino Tahar Ben Jelloun em Portugal para apresentar dois novos livros





Rui Azeredo

A Cavalo de Ferro edita neste mês de Setembro, mais precisamente no dia 22, duas obras do escritor marroquino Tahar Ben Jelloun: “Amores Feiticeiros” e “O Escrivão Público”. O autor, que antes já havia publicado noutras editoras nacionais livros como “O Homem Justo”, “O Albergue dos Pobres”, “O Islão Explicado à Minha Filha” e “Uma Ofuscante Ausência de Luz”, vai estar no Institut Franco-Portugais, em Lisboa, no dia 29 de Setembro às 18h30.
“Amores Feiticeiros” (ver imagem) é um conjunto de novelas que incluem histórias de amor traficado, de amizade traída ou de paixões, quase todas elas “apimentadas” com a presença de elementos fantástico, daí resultando um interessante choque entre o racional e o sobrenatural, ou seja, entre dois mundos que convivem no Marrocos actual. “Amores Feiticeiros”, com 272 páginas, estará à venda por 17,20 euros.
O romance “O Escrivão Público” aborda o homem que empresta a escrita e a voz ao seu povo, aos que não podem falar. Tahar Ben Jelloun evoca memórias e imagens de cidades de um Marroco real e, também, imaginário. O escritor narra a violência da vida e a experiência da pobreza, de novo tendo por pano de fundo a divisão da sociedade entre o Ocidente e o Oriente, entre a modernidade e a tradição.
O livro custa 15,50 euros e tem 168 páginas.
Ben Jelloun, que nasceu em Fez (Marrocos) em 1944 mas vive em França desde 1971, é um dos mais consagrados escritores contemporâneos, traduzido em todo o mundo, vencedor de um Goncourt e do IMPAC (de Dublin).
Estudou na Universidade de Paris, onde fez o doutoramento em Psiquiatria Social.
Iniciou a carreira literária em 1973, escrevendo em francês, e em 1984 recebeu o conceituado Prémio Goncourt com o romance “La Nuit Sacrée”. Em 2004 recebeu o Prémio IMPAC graças a “Uma Ofuscante Ausência de Luz”.
Normalmente empenhado em causas sociais, nos seus livros surgem quase sempre as contradições da sociedade árabe contemporânea, dividida entre a modernidade e a tradição, entre o Estado e a Religião. Outra das suas temáticas favoritas é a relação do Ocidente com o mundo árabe.

“O Galo de Ouro”
de Juan Rulfo


Ainda para 22 de Setembro, a Cavalo de Ferro programou o lançamento de “O Galo de Ouro”, livro do mexicano Juan Rulfo (1918-1986), autor de “Pedro Páramo” a “A Planície em Chamas”. Rulfo, apesar de ter uma curta obra – com este ficam publicados em Portugal os seus três livros –, ganhou prémios importantes como o Cervantes e o Príncipe das Astúrias.
Em “O Galo de Ouro e Outros Textos Dispersos” (15 euros), ao longo de 136 páginas o leitor pode desfrutar dos poucos textos de ficção que Rulfo deixou inéditos, a que se acrescentam dois escritos autobiográficos.
O conto que dá nome ao livro - “O Galo de Ouro” - descreve a vertigem do jogo, do amor e da sorte a partir da história de um treinador de galos de luta. Este homem, chamado Dionísio, surge do nada para se tornar numa figura importante do submundo.
A história pretende ser uma metáfora sobre os trajectos fora do comum que a vida humana pode seguir.
A obra tem prefácios de Gabriel García Marquez, Carlos Fuentes e Augusto Roa Bastos.

sábado, setembro 10, 2005

NOVIDADES LITERÁRIAS ENTRE O DOCUMENTO E O HUMOR





Foi recentemente editado “Segredos do Código”, de Dan Burstein, aquele que é já considerado como o mais completo e bem fundamentado guia para compreender as questões levantadas em “Código da Vinci”, o bestseller de Dan Brown. Esta obra, editada pela DIFEL (16,50 euros), pretende esclarecer, definitivamente, quais são os factos históricos e o que é ficção no polémico romance de Dan Brown.
Para tal, o autor, que vai estar em Lisboa a 22 e 23 de Setembro, recorre as especialistas cujas obras inspiraram Dan Brown, tendo recolhido mais de 60 textos em livros, sites, ensaios e entrevistas. A ideia é dar respostas a dúvidas como a verdadeira identidade de Maria Madalena, se houve de facto ocultação do papel da mulher na História da Igreja, se Jesus foi casado com Maria Madalena e tiveram um filho e se Leonardo da Vinci e Isaac Newton pertenceram a sociedades secretas. Mas o objectivo de Burstein é permitir ao leitor tirar as suas próprias conclusões, depois de analisar os factos que lhe são facultados.
Jornalista de carreira, Dan Burstein já publicou diversos livros e artigos sobre os mistérios e as complexidades do futuro, mas abriu desta vez uma excepção e voltou-se para o passado.
“102 Minutos” é um livro-documento sobre os atentados de 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque. 102 minutos é o espaço de tempo desde o impacto do primeiro avião e o desmoronamento da segunda torre. A obra, assinada pelos jornalistas nova-iorquinos Jim Dwyer e Kevin Flynn, tem a chancela da Presença e custa 17,45 euros.
Este documento baseia-se numa pesquisa exaustiva que reuniu centenas de entrevistas com sobreviventes e salvadores, contando ainda com transcrições de telefonemas, contactos por rádio ou e-mails. É assim recriada a tragédia que resultou do maior atentado terrorista da História.

O regresso de Adrian Mole

Adrian Mole, personagem criada por Sue Townsend que se tornou famosa quando “escreveu” um diário aos 13 anos e ¾, volta ao convívio dos leitores agora que está prestes a entrar na meia-idade (34 anos e ¾).
Em “Adrian Mole e as Armas de Destruição Maciça”, a editar pela DIFEL a 21 de Setembro com o preço de 16 euros, o peculiar “herói” inglês vive num apartamento minimalista e trabalha como alfarrabista. Marcou férias para o Chipre, mas Tony Blair anunciou no Parlamento que as armas de destruição maciça podem ser activadas em 45 minutos e atingir o… Chipre. Adrian Mole fica obcecado em saber se consegue ser reembolsado das férias, mas também o preocupa o seu noivado com Marigold Flowers, as doenças provocadas pelas chicletes, as barreiras arquitectónicas e a morte. Para além disso não consegue encontrar uma celebridade para discursar no jantar de Natal do seu grupo de escrita criativa. E será que consegue dar uma reviravolta na sua vida, agora que está calvo e quase na meia-idade?
A escritora inglesa Sue Townsend, para além da série Adrian Mole, é também a autora dos livros “A Rainha e Eu” e “Número Dez”, todos editados em Portugal pela DIFEL.
Também num registo humorístico, a Presença lançou “A Year in the Merde – Um Ano em França” (14,96 euros), de Stephen Clarke. É um romance que, de forma hilariante, desmistifica os lugares-comuns sobre Paris e a França. O protagonista é um jovem britânico, Paul West, que vai para França lançar uma cadeia de salões de chá ingleses. Aceitou o desafio fascinado pelo lado romântico de trabalhar no país do charme, mas depressa se apercebe como é difícil sobreviver às idiossincrasias dos franceses.

Kazua Ishiguro corre pelo Man Booker Prize com “Nunca Me Deixes”


John Banville (The Sea”), Julian Barnes (“Arthur & George”), Sebastian Barry (“A Long Long Way”), Kazuo Ishiguro (“Nunca Me Deixes”, Gradiva), Ali Smith (The Accidental) e Zadie Smith (“On Beauty”) são os seis autores e respectivas obras que integram a última lista de candidatos ao prestigiado Man Booker Prize de Ficção 2005, um dos mais importantes galardões literários para a língua inglesa. A lista, que foi anunciada na quinta-feira, 8 de Setembro, deixou de fora nomes como Ian McEwan (“Sábado”, Gradiva), Salman Rushdie (“Shalimar The Clown”) e J.M. Coetzee (“Slow Man”) que eram apontados como favoritos.
O vencedor será anunciado a 10 de Outubro, numa cerimónia a ter lugar em Londres.

quinta-feira, setembro 08, 2005

Sugestão de leitura: “O Sol dos Scorta” – Laurent Gaudé



Sol inclemente sobre pequena aldeia italiana

Rui Azeredo

“O Sol dos Scorta”, do francês Laurent Gaudé, a ser editado em breve pela ASA, pode já ser considerado, sem qualquer margem de risco, um dos melhores romances do ano, tal a qualidade da escrita, a imaginação e o realismo com que está impregnado - não foi por acaso que ganhou o prestigiado Prémio Goncourt 2004.
Neste romance, do mesmo autor de “A Morte do Rei Tsongor”, cerca de 220 páginas chegam para contar a saga de uma família amaldiçoada, com raízes numa pequena, quente e seca aldeia do sul de Itália, Montepuccio. Gaudé descreve de forma sublime essa aridez, que da geografia escorre para as personagens. O início da obra, aliás, é revelador. Um homem, um burro, calor e uma aldeia deserta na hora da canícula, logo após o almoço.
É uma saga familiar, mas à escala da pequena Montepuccio. Os Scorta, a família em causa, são poderosos, mas naquele ambiente pequeno, fechado e atrofiador, onde só há gente que se revela incapaz, por falta de preparação, de sobreviver longe dali.
A história começa em 1870, quando Luciano Mascalzone, um bandido que esteve preso quinze anos, regressa à “sua” Montepuccio. Sabe que nada de bom o espera – sabe que a morte é quase certa – mas tem uma obsessão: possuir Filomeni Biscotti, um desejo da juventude que o manteve vivo na prisão. Entra na aldeia, com o seu burro, na hora em que todos se escondem, na hora do Sol inclemente, e vai directo a casa de Filomena. Sem Luciano perceber, quem lhe abre a porta é a irmã mais nova desta, Immacolata, como o nome deixa adivinhar ainda virgem. Ela deixa-se violar pelo regressado, que não se apercebe da “troca”. Pensando ter cumprido o seu sonho de juventude, atravessa de novo a aldeia, mas desta vez não escapa à fúria dos aldeões, acabando por morrer satisfeito, sem saber que tinha possuído a mulher errada – Filomena havia morrido há já vários anos.
Immacolata viria a dar à luz Rocco, mas morre quase de imediato. Os aldeões, sendo Rocco filho de quem era, pretendem matá-lo, mas a criança é salva pelo padre e enviada para outra aldeia, onde viria a ganhar o nome Scorta – nascia assim, de um equívoco, uma nova linhagem. Tal como pai, Rocco dedicou-se à vilanagem inspirando temor em Montepuccio e redondezas. Assim seria em gerações futuras, de todas nos contando a história Gaudé. Os Scorta acabam por ganhar o respeito dos habitantes de Montepuccio, tanto pelo dinheiro que forma amealhando como pelo temor que inspiravam. Mas “O Sol dos Scorta” é, essencialmente, um livro sobre a importância dos laços familiares (ou de sangue) que resistem a todo o tipo de adversidades.
É a história de uma família amaldiçoada ao longo dos anos, e ao mesmo tempo a história de uma (como muitas outras) pequena aldeia com dificuldades em atravessar a passagem do tempo e a acompanhar a evolução natural. É que Gaudé descreve também os contrastes entre a tradição e a modernidade, nomeadamente com a chegada do turismo.
A religião é outro dos temas-chave deste romance, sendo explorada através da relação dos Scorta com os padres que se vão sucedendo na aldeia, uns mais abertos, outros mais retrógrados, mas sempre com um afecto especial, e até estranho, por aquela família onde Bem e Mal têm contornos pouco definidos.

Pequena biografia de Laurent Gaudé

Laurent Gaudé, que no dia 26 de Setembro vai apresentar “O Sol dos Scorta” em Lisboa, nasceu a 6 de Julho de 1972, em França.
Estreou-se como escritor em 1996 com o conto “Une Fille et Trois Garçons”, seguindo-se, em 1999, a peça de teatro “Combats de Possédés”.
Em 2001 Gaudé estreou-se no romance com “Cris”, inédito em Portugal.
“A Morte do Rei Tsongor” (Edições ASA), um original de 2002, foi a obra com que se “apresentou” aos leitores portugueses – este romance ganhou o Prémio Goncourt dos Estudantes e o Prémio dos Livreiros franceses.
Em 2004 lançou em França “O Sol dos Scorta”.

Retrato cruel da paternidade em “Os Pais dos Outros”




Italiana Romana Petri explica o que a levou a escrever sobre pais e filhos

Rui Azeredo

A escritora italiana Romana Petri tem já editadas em Portugal, pela Cavalo de Ferro, três obras, a última das quais, “Os Pais dos Outros”, é uma colectânea de doze contos, cada um dedicado a uma relação entre pai e filho. São doze pais diferentes, a maior parte dos quais protagonistas de histórias de vida pouco felizes, onde as principais vítimas são os filhos, tanto a nível físico como psicológico. No princípio e no final do livro ficam as notas de esperança, de modo a formar assim um círculo positivo.
A escritora teve uma relação excelente com o pai e decidiu partilhá-la com os outros por entender que é um exemplo a ter em conta. “Tive um infância muito boa”, reconhece Romana Petri, “mas, infelizmente, conhecia muitas pessoas com uma infância muito má”. Assim, “Os Filhos dos Outros” é - explica - “uma vingança para quem sofreu demasiado”. O livro, acrescenta, serve “para consolar esses filhos e denunciar uma violência tão terrível”.
O conto “O pai do Nicola”, o último, é a história de um pai mau que se transforma num pai bom, “com maior disponibilidade; autoritário mas disponível”. “Falar é muito melhor que a distância”, conclui, defendendo que “uma pessoa pode sempre mudar”. Por isso, diz, “os pais de hoje são completamente diferentes”.
No entender de Romana Petri, as crianças hoje têm problemas diferentes, relacionados com “a falta de tempo”. “O ‘pai-dono’ acabou, não é tão dominante como antes”, explicou. A modernidade” e a civilização”, nesta matéria, foram duas ajudas preciosas.

Relatos cruéis mas reais


Todas as histórias de “Os Pais dos Outros” são verdadeiras: “Não consegui ficar calada. Há histórias horrorosas, asquerosas, que achava inacreditáveis”. Reconhece que o livro “é muito cruel, muito duro”, mas… “é menos do que a realidade, que é mais violenta que a literatura”.
Mas às críticas de Romana Petri também não escapam as mães, visto que defende “a denúncia do silêncio da mãe”. Ao silêncio perante situações em que o filho é maltratado pela figura paterna atribui o nome de “cumplicidade”. É algo característico “dos tempos antigos”. Lembra que, no passado, quando a mãe “se revoltava, podia ser abandonada”. “Agora as coisas mudaram”, destaca, considerando que “não é possível justificar a silêncio das mães”.
Ao mesmo tempo, diz a autora, este livro é “uma espécie de pequena história da paternidade italiana de 1940 até hoje” e aquando do seu lançamento em Itália, há seis anos, foi bastante discutido e conheceu enorme sucesso entre psicanalistas e psiquiatras.
Também a nível de grande público “Os Pais dos Outros” foi um êxito já que ultrapassou os 250 mil exemplares vendidos.
Romana Petri tem também publicados em Portugal pela Cavalo de Ferro “A Senhora dos Açores” e “Uma guerra na Úmbria – Case Venia”.
Nascida em Roma, onde vive, Romana Petri passa largas temporadas em Portugal, país que fez questão de conhecer depois das palavras elogiosas do escritor Antonio Tabucchi.

Cronologia

Abstenho-me de dar opiniões sobre a polémica da cooperativa, irei apenas disponibilizar uma pequena cronologia de factos desde o lançamento da ideia da cooperativa até à reunião que juntou dezenas de pessoas na Cooperativa dos Pedreiros.

29 de Julho: A redacção é informada de que naquele dia será feita a última edição do jornal. O presidente do Sindicato dos Jornalistas esteve na redacção e marcou um plenário para a segunda-feira seguinte, prometendo, nessa data, apresentar propostas de solução do problema.

1 de Agosto: Faz-se o plenário convocado pelo sindicato e o presidente desta instituição e as delegadas sindicais do jornal põem em discussão uma moção que defendia a via cooperativa como caminho a seguir para relançar "O Comércio do Porto" e "A Capital". Há várias intervenções de camaradas, expressando as opiniões acerca do assunto. A dada altura, é proposto que se passe de imediato à votação da moção. O camarada António Barroso (e bem, ia acrescentar, mas lembrei-me que prometi não dar opiniões) diz que não temos dados suficientes para aprovar esse caminho, propondo que a votação da moção seja precedida de esclarecimentos a todos os interessados e do debate entre estes. O presidente do sindicato propõe que na manhã seguinte todos que queiram se desloquem à Cooperativa dos Pedreiros, onde quadros do movimento cooperativo podem explicar a orgânica de funcionamento deste tipo de instituições e de que forma essa organização pode aplicar-se a empresas de comunicação social.

2 de Agosto: Menos de 20 camaradas aparecem para a tal reunião de esclarecimento de dúvidas com quadros do movimento cooperativo. Tendo em conta que a maior parte dos camaradas ainda vai à redacção, decide-se que, nessa mesma tarde, haverá um plenário na redacção para transmitir o essencial das explicações dos quadros do movimento cooperativo e para votar a moção apresentada na véspera. Durante esse plenário, sucedem-se as intervenções pessimistas de camaradas que afirmam não estar interessados na solução cooperativa, argumentando não acreditarem na viabilidade dessa forma de organização. Um dos camaradas, António Barroso, diz mesmo que um jornal nunca poderá ser gerido como uma cooperativa, porque tem de haver cadeia de comando e porque há decisões que têm de ser tomadas diariamente. Aconselha os interessados a criar uma cooperativa para gerir uma agência de informação em vez de um jornal. Perante o desânimo e o desinteresse geral demonstrados, a moção não chega a ser votada.

4 de Agosto: Faz-se um plenário semelhante na redacção de "A Capital" no qual participaram alguns elementos de "O Comércio do Porto". Cinco dos camaradas, das duas publicações, que se mostraram interessados na solução cooperativa assumem-se como fundadores para efeitos de inscrição no Registo Nacional de Pessoas Colectivas do nome "Alternativa - Produção Jornalística, CRL". Esse registo é feito e inicia-se o trabalho, com todos aqueles que se mostraram interessados nisso, para organizar e desenvolver a cooperativa de modo a relançar o mais rapidamente possível os dois jornais.

Sem nunca contactar os camaradas que no Porto estão a dinamizar a cooperativa, o jornalista Rogério Gomes mostra interesse no projecto, fazendo-o junto de um elemento do movimento cooperativo (desconheço de quem partiu a iniciativa do contacto). Na posse dessa informação, uma elemento da comissão dinamizadora da "Alternativa" entra em contacto com Rogério Gomes para aquilatar desse mesmo interesse. Além disso, o presidente do sindicato, Alfredo Maia, marca um encontro com Rogério Gomes para debaterem o assunto. A esse encontro, além de Maia e de Gomes, vai também António Barroso.

12 de Agosto: Na sequência daquele encontro, realiza-se uma reunião na Cooperativa dos Pedreiros que senta à mesma mesa o presidente da "Uninorte", a comissão dinamizadora da "Alternativa" e Rogério Gomes e António Barroso. Estes dois camaradas são postos ao corrente dos passos todos que foram dados até então, incluindo da negociação que já se iniciara com a administração de "O Comércio do Porto" e "A Capital". Entre os dados que lhes foram transmitidos estão os dados económico-financeiros da negociação e os projectos da dinamizadora da "Alternativa" e do movimento cooperativo para as negociações subsequentes. Dada toda esta informação, eu próprio quis saber o que motivou Rogério Gomes e António Barroso a quererem aderir à cooperativa tão depois de o processo se ter iniciado. Ambos deixaram claro que o facto de ali estarem não significava que fossem aderir à cooperativa "Alternativa". Mais: ficou dito que os dinamizadores mantinham a ideia de que a cooperativa continuava com o objectivo de reabrir os dois jornais, tentando manter os postos de trabalho. Já no final da reunião, Rogério Gomes vincou que havia uma diferença de perspectivas entre ele e os dinamizadores. Nós, dinamizadores, queríamos salvar postos de trabalho. Ele, Rogério Gomes, queria salvar o jornal (sublinhe-se "o jornal", por contraponto a "os jornais"). Depois deste encontro, ficámos à espera que Rogério Gomes e António Barroso dissessem se, afinal, queriam ou não aderir à cooperativa. Nada disseram, até que:

19 de Agosto: António Barroso coloca um texto neste blogue convocando todos os ex-trabalhadores de "O Comércio do Porto" para debaterem a solução cooperativa no dia 22. Fê-lo sem dar conhecimento a qualquer dinamizador da "Alternativa", sem perguntar se alguém estaria disponível ou não para prestar esclarecimentos sobre o processo e sem esclarecer junto desses mesmos dinamizadores se queria ou não integrar a cooperativa. Respondi a esse texto e uma das coisas que disse foi, como não se têm cansado de referir, "Bora lá debater". Fi-lo unicamente em nome pessoal e nunca em nome do grupo dinamizador, o qual, aliás, não integrei desde o início mas do qual resolvi aproximar-me com disponibilidade para ajudar no trabalho que vi estar a ser meritório. Depois de colocar esse comentário, por respeito pelos meus camaradas que estão no processo desde o início e que têm trabalhado como cães pelo projecto, decidi não participar nessa tal reunião convocada pelo camarada António Barroso, já que entendi, após reflexão, que a convocatória desse encontro sem dar cavaco àqueles que tanto trabalharam desde o começo foi uma grande falta de respeito.

E mais não tenho para dizer, porque se o fizesse quebraria o meu compromisso de não opinar. Aliás, só me dei ao trabalho de coligir estes dados todos, porque é provável que houvesse camaradas ainda na ignorância dos factos aqui descritos.

quarta-feira, setembro 07, 2005

Finalistas do Prémio Goncourt



O Júri do Prémio Goncourt, o mais importante galardão literário francês, revelou a 6 de Setembro a primeira selecção de concorrentes tendo em conta a atribuição que será feita a 3 de Novembro. A 4 e 25 de Outubro serão reveladas, respectivamente, a segunda e terceira lista de finalistas.

Neste momento os concorrentes são Olivier Adam "Falaises";Vassilis Alexakis,"Je t'oublierai tous les jours"; Pierre Assouline,"Lutetia" ; Patrick Besson,"Saint-Sépulcre!" ; Nina Bouraoui,"Mes mauvaises pensées"; Sylvie Germain,"Magnus" ; Michel Houellebecq,"La possibilité d'une île" ; Hédi Kaddour, "Waltenberg" ; Yasmina Khadra, "L'attentat" ; Jean-Pierre Milovanoff, "Le pays des vivants"; Franck Pavloff, "Le pont de Ran-Mositar" ; François Taillandier, "Option paradis" ; Jean-Philippe Toussaint, "Fuir".

Michel Houllebecq, com « La Possibilité d’une Ille », é desde já apontado como o grande favorito e chegou a falar-se na antecipação da divulgação do premiado para evitar que outro prémio distinguisse primeiro esta obra.

O romance, que foi lançado a 31 de Agosto passado, já ultrapassou os 210 mil exemplares vendidos na Europa, bem acima das expectativas, depois de já ter provocado alguma polémica entre a crítica especializada quanto ao seu real valor.
O vencedor da edição do ano passado foi Laurent Gaudé com "O Sol dos Scorta".

Clássicos americanos nas novidades da Livros do Brasil



Os últimos lançamentos da editora Livros do Brasil incluem uma série de autores clássicos da literatura norte-americana, nomeadamente Pearl S. Buck e Irving Wallace.

O destaque vai para “O Patriota”, de Pearl S. Buck (na imagem), um original de 1939 que descreve o processo de amadurecimento emocional de um estudante universitário chinês, que vê o seu idealismo destruído pela brutalidade da guerra. Wu I-wan, filho de um banqueiro de Xangai, deixa-se contagiar pelas ideias revolucionárias e acaba por aderir ao Partido Comunista Chinês. Mas este partido, tendo celebrado uma aliança com o Kuomintang, dispõe-se a permitir que Chiang Kai-chek tome Xangai. O pai de I-wan revela-lhe que Chiang traiu os comunistas, após uma negociação secreta com os banqueiros, e se prepara para massacrar os seus ex-aliados. I-wan parte para o Japão e escapa ao que ficou conhecido como o massacre de Xangai, ocorrido em 1927. Contudo, não conseguiu avisar o seu amigo En-lan e a jovem Peonia. Mais tarde, quando estala a guerra sino-japonesa, regressa à China e acaba por combater ao lado dos seus antigos inimigos. “O Patriota” custa 13,5 euros.

De Irving Wallace a Livros do Brasil editou “O Maior Espectáculo do Mundo” (14,50 euros), que conta a história de Phineas T. Barnum, um grande empresário do mundo do espectáculo que viveu na América do século XIX. Em 1871, após uma vida de peripécias, fundou “O Maior Espectáculo do Mundo”, um misto de circo, de jardim zoológico e de museu de horrores.


A Livros do Brasil editou ainda o segundo volume de Obras de Sir Arthur Conan Doyle, “À Espera de Sherlock Holmes” (12,50 euros). Este volume inclui um conto que permaneceu inédito durante quase cem anos e que está ausente das colectâneas dedicadas à obra de Conan Doyle.

Destaque ainda para o número 690 da colecção Vampiro, um volume duplo intitulado “O Meu Ofício é Matar”, de Mickey Spillane, Lawrence Block e outros, uma antologia de contos que custa oito euros. Para além de Spillane e Lawrence Block, há histórias assinadas por Andrew M. Greeley, John Lutz, Warren Murphy, Henry Slesar e outros nomes grandes do romance negro.

Sugestão de Leitura: “A Sombra do Templário” – Núria Masot


Aventura e espionagem na Barcelona de 1265

Rui Azeredo


“A Sombra do Templário”, romance de estreia da espanhola Núria Masot – editado em Portugal pela Dom Quixote -, contém uma história de espionagem decorrida em 1265, em Barcelona. Para além dos templários, como deixa a entender o título, envolve também o Papa, a casa real francesa e os judeus, tendo por cenário a Barcelona medieval, nomeadamente o seu bairro gótico.

O protagonista é um templário, Bernard Guills, que apesar de morrer envenenado quase no início da aventura acaba por ser o motor desta intrincada história capaz de agradar aos amantes de romances históricos (e não só) que surge, inequivocamente, a reboque do sucesso de “Código da Vinci” – mais uma vez é posta em causa a base do poder do Cristianismo.

Guills, que chega a Barcelona a bordo de um barco, transporta consigo uns importantes pergaminhos, mas é envenenado e roubado antes de chegar a terra, onde ainda é socorrido por um velho médico judeu, Abraão Bar Hiyya, a única personagem real desta obra. Ao velho judeu Guills, já moribundo, pede que entregue a um seu discípulo, Guillem de Montclar, os manuscritos que transportava com todo o secretismo. Só que estes pergaminhos acabam por nunca chegar às mãos de Guillem que se vê assim levado a desencadear a sua primeira missão, embora não se sinta ainda totalmente preparado, apesar de todos os ensinamentos que Guills já lhe havia proporcionado.

Guillem parte assim à busca do precioso documento, mas está numa corrida com muitos concorrentes cientes da importância do pergaminho, que contém revelações capazes de altera a História do Cristianismo. O pior obstáculo de Guillem é “A Sombra”, velho inimigo da Ordem e, particularmente, de Guills.

Entre a aventura e o mistério, bem doseados por Núria Masot, temos uma trama intrincada, embora longe de atingir o brilhantismo. A autora desembaraça-se melhor na descrição de ambientes ou cenários do que no desenvolvimento da própria história, à qual falta às vezes um pouco mais de mistério.

Núria Masot, que nasceu em Palma de Maiorca em 1949, foi jornalista e trabalhou no teatro antes desta estreia na literatura, que aconteceu, em Espanha, em 2004. Amante da história e dos relatos de aventuras, foi com naturalidade que optou por esta via na escrita de “A Sombra do Templário”, para a elaboração do qual recorreu a uma vasta bibliografia do templários catalães e ao arquivo histórico de Barcelona.

Em “A Sombra do Templário”, no início de cada capítulo vem uma citação do universo dos templários com perguntas e deveres para os que pretendiam aderir à ordem.

segunda-feira, setembro 05, 2005

Apanhado em Valbom com carro furtado na Figueira da Foz

Um militar da armada, de 20 anos, residente na Amadora, foi detido este sábado por ter sido encontrado num carro que tinha furtado no dia 1 de Agosto.
O jovem estava a descansar no “lugar do morto” de um Honda Civic, cinzento, estacionado na Rua de Rosa Branca Moutinho, na localidade de Gramido, em Valbom, Gondomar, quando foi visto por dois agentes do carro-patrulha da esquadra de Valbom, que ali passavam pelas 12h00 de sábado.
Os polícias suspeitaram que algo não estaria bem, pelo que verificaram se o carro era furtado, tendo obtido resposta positiva: o Honda Civic constava para apreender pois tinha sido furtado no dia 1 de Agosto na Figueira da Foz.
Perante este facto, os polícias abordaram o militar, que ao ver-se confrontado logo admitiu a autoria do assalto.
Os agentes verificaram ainda que o suspeito tinha sido detido no dia 23 de Agosto pela PSP de Aveiro por ter efectuado um roubo com uma arma branca. Na altura, foi presente a juiz, que determinou que saísse em liberdade.
E o militar terá então resolvido prosseguir a viagem para Norte, até que acabou por ser apanhado no radar da desconfiança de um polícia da esquadra de Valbom.

Manuela Pinto

domingo, setembro 04, 2005

Sugestão de leitura - "Jardim Colonial" - José António Saraiva


A falta de valores segundo José António Saraiva

Rui Azeredo

José António Saraiva, director do semanário “Expresso”, assume-se definitivamente como romancista com “Jardim Colonial” (Publicações Dom Quixote), que sucede à estreia com “O Último Verão na Ria Formosa”.
Saraiva, em “Jardim Colonial”, apresenta um retrato do Portugal contemporâneo com incidência nas questões do poder e na falta de escrúpulos e de valores de quem o detém.
Neste romance, escrito de uma forma que propicia o constante virar de páginas, ninguém olha a meios para atingir os seus fins. Cada qual à sua maneira, mas inevitavelmente sem o mínimo respeito pela personalidade e vida de quem os rodeia e… atrapalha.
“Jardim Colonial” conta a história de Filomena, conhecida apresentadora de um canal de televisão privado, que casa com um dos administradores da empresa, Aurélio. Mais do que amor, o que Filomena procurava neste homem mais velho era segurança e estabilidade, ou seja, uma família. Algo que lhe faltou, no sentido mais tradicional, na infância, já que lidou com a situação de um pai ausente. Já Aurélio, que escapou de Angola com uma boa fortuna, tinha uma obsessão por formar família e estava disposto a tudo para a manter. Primeiro, fez tudo para manter Filomena em casa e depois do nascimento do primeiro filho convenceu-a a largar a televisão. Mais tarde, para a manter ocupada, ofereceu-lhe a administração da gráfica onde ela própria havia conhecido o seu primeiro emprego. Filomena era bastante jovem na altura e viu-se obrigada a abandonar a gráfica por se sentir perseguida por um dos seus chefes, Óscar. Quando regressa à gráfica como administradora Óscar ocupava já um alto cargo na empresa e os dois tiveram de se relacionar profissionalmente. Mas daí a uma relação mais íntima foi um pequeno passo, que levou Filomena a ter de tomar decisões drásticas. Entre o coração e a razão desenvolve-se, então, este romance de José António Saraiva, que aproveita para fazer uma crítica profunda à nossa sociedade, onde pouco lugar há para os sentimentos mais nobres.
Para dar mais ritmo a esta já de si bastante cinematográfica trama, Saraiva optou por diferentes tipo de narradores. Alternadamente vai surgindo entre a terceira pessoa e a primeira, no caso das personagens principais. Para além de uma maior movimento, permite também “observar” a história a partir de diferentes perspectivas, com a particularidade de não se tornar repetitivo, mas antes complementar.
Não é o romance que vai levar Saraiva ao Nobel, mas é uma obra interessante sobre o Portugal contemporâneo, sem o “fado” habitual e distante da literatura “light” que havia conquistado este feudo anti-melancolia lusa.

Laurent Gaudé apresenta em Lisboa "O Sol dos Scorta"




O conceituado escritor francês Laurent Gaudé, vencedor do Prémio Goncourt 2004, vai estar em Lisboa no dia 26 de Setembro para apresentar “O Sol dos Scorta” (Edições ASA). Este é precisamente o romance com o qual o autor venceu o Goncourt, considerado o mais importante prémio literário francês.
A sessão, apresentada por Marcelo Rebelo de Sousa, vai ter lugar às 18h30 no Instituto Franco-Portugais, na Avenida Luís Bívar.
Gaudé já viu editado em Portugal, também pela ASA, o seu romance anterior, “A Morte do Rei Tsongor”, distinguido em França com o Goncourt dês Lycéens 2002 e com o Prémio dos Livreiros 2003.
No seu novo romance, Gaudé conta-nos a história dos Scorta, uma família italiana que “nasceu” em 1870 na pequena localidade de Montepuccio (no sul de Itália), fruto de um erro e talvez por isso sempre marcada pelo infortúnio.
Depois de ter passado quinze anos na prisão, Luciano Mascalzone regressa a Montepuccio. Luciano procura Filomena Biscotti, uma mulher que desde a juventude deseja profundamente. No entanto, quando chega a casa dela encontra a irmã mais nova desta mas confunde-as. Assim, sem saber que Filomena morrera, acaba por violar Immacolata. Luciano, tal como previra, é espancada até à morte pelos habitantes da aldeia, mas morre satisfeito pois pensa ter possuído Filomena. Do seu engano nasce um filho, o primeiro da linhagem dos Scorta, uma família amaldiçoada cujos membros, ao longo de gerações e até à actualidade, ultrapassam diversas vezes os limites da lei. Os Scorta desenvolvem com os aldeões de Montepuccio uma relação, recíproca, de amor-ódio. Acabam por se tornar, como fortemente o desejam, uma família respeitada, mas pagam um preço muito caro.

Sugestão de Leitura: "Imagens de Praga" - John Banville




Uma viagem honesta a Praga

Rui Azeredo

“Imagens de Praga”, do irlandês John Banville, é o terceiro volume da colecção “O Escritor e a Cidade”, em boa hora lançada pelas edições ASA. Após Paris (“Os Passeios de um Flâneur” – Edmund White) e Florença (“Um Caso Delicado” – David Leavitt), chega a vez de aceitarmos Banville como orientador de uma “viagem” a Praga, a capital checa, mas desde já com o aviso que esta obra nada tem a ver com um guia turístico.
Ficamos a conhecer Praga, sem dúvida, mas não a dos postais ilustrados, antes a verdadeira, bem mais cinzenta, mas nem por isso menos atraente – só depende do que procuramos.
O começo da obra é algo desanimador para quem espera uma Praga deslumbrante. John Banville descreve a cidade tal como a conheceu, ainda na década de 80, antes da abertura do Leste ao Ocidente Descreve assim um povo oprimido e deprimido, o que se reflecte na cidade e numa escrita com travo de desilusão, consequência da própria desilusão do autor.
Mas, a verdade é que aos poucos se vai gostando cada vez mais desta Praga pragmática, pelo seu mistério, pela sua tristeza, melancolia, fatalidade. Para Banville Praga é propensa à tragédia, sendo o exemplo mais recente as terríveis cheias do rio Vlatva em Agosto de 2002.
Uma das opções, bem sucedidas, do autor é contar a história da cidade através das histórias de diversas personalidades que lá viveram. Para além do inevitável Kafka, travamos também conhecimento como o fotógrafo Josef Sudek (autor da foto da capa do livro), o imperador Rodolfo II, o astrónomo Tycho Brahe (que viveu entre os séculos XVI e XVII), curiosamente todas personagens muito pitorescas com manias incríveis.
Mas Banville opta por misturar estes aspectos mais folclóricos com episódios que ele próprio viveu na cidade, antes e depois da queda do Muro de Berlim. Assim, dás-nos a conhecer alguns momentos, conversas principalmente, que viveu em Praga durante as suas visitas à capital checa. É dessa forma que conhecemos os cidadãos comuns de Praga e, através das vidas deles, a realidade desta cidade.
O próximo volume da colecção “O Escritor e a Cidade” será “30 Dias em Sydney”, de Peter Carey.
John Banville, nascido na Irlanda em 1945, estreou-se na escrita em 1970 com o romance “Long Lankin”. Posteriormente lançou “Doutor Copérnico”, “Kepler” e o “Livro da Confissão”.
“Imagens de Praga” está à venda por 18 euros e tem 272 páginas.

Luis Sepúlveda e Mario Delgado Aparaín apresentam em Portugal "Os Piores Contos dos Irmãos Grim"




O popular escritor chileno Luis Sepúlveda vai estar em Portugal de 19 a 23 de Setembro para apresentar a obra “Os Piores Contos dos Irmãos Grim” (Edições ASA), escrito em parceria com o uruguaio Mario Delgado Aparaín, que também se desloca ao nosso país.
A dupla de escritores vai estar a 19 de Setembro na Bertrand do Fórum Madeira (17h00) e no Teatro Municipal Baltazar Dias, no Funchal (19h30).
A 20 de Setembro Sepúlveda e Aparaín marcam presença no Porto na livraria Bertrand do centro Comercial Dolce Vita Antas, com uma sessão às 18h30. No dia seguinte, à mesma hora, a dupla passa na Bertrand do Dolce Vita de Coimbra.
Os dois últimos dias desta mini-digressão são passados em Lisboa. A 22 há uma sessão, às 18h30, na Bertrand do Vasco da Gama, e no dia seguinte, à mesma hora, o encontro com os leitores está marcado para o Corte Inglés.
Os Irmãos Grim são dois poetas populares que no início do século XX andaram pela Patagónia, no extremo sul da América do Sul. Mas, ao contrário do êxito que esperavam alcançar, apenas conseguiam irritar o público que se dignava a ir ver as suas sessões.
A história destes dois trovadores – que várias vezes levavam o público a arremessar objectos para o palco - é contada. Com muito humor, num misto de ficção e realidade.
Luis Sepúlveda é um dos mais populares autores estrangeiros em Portugal, país que visita regularmente. Na sua obra destacam-se “Mundo no Fim do Mundo”, “Patagónia Express”, “O Velho que Lia Romances de Amor” ou “História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar”.
Aparaín – que tem editado em Portugal, pela ASA, “A Balada de Johnny Sosa”, um conto em “Histórias do Mar” e “Os Territórios do Amor” – nasceu no Uruguai em 1949 e é também professor e jornalista. Romancista e contista já viu a sua obra premiada em diversos países europeus. Em 2001 ganhou o Prémio Instituto Cervantes do concurso Juan Rulfo, da Radio France Internacional e Centro Cultural do México com o conto “Terribles Ojos Verdes”.

sexta-feira, setembro 02, 2005

Comerciantes facilitavam vida a burlão que os lesou em 15 mil euros com vales de correio

Uma investigação criminal sobre um processo de burlas com vales de correio deixou a descoberto alguma negligência por parte de determinados comerciantes, como constataram elementos da Divisão de Investigação Criminal da PSP/Porto, referiu ao OCOMERCIODOPORTO.BLOGSPOT.COM uma fonte policial.
Isto porque o burlão apresentava os vales de correio falsificados e bilhetes de identidade aos comerciantes que, pura e simplesmente, não verificavam a fotografia que estava no BI e que não correspondia à pessoa que estava à sua frente.
A história começa quando um homem de 40 anos, que afirmou às autoridades não ter profissão e que residia nas imediações do Hospital de S. João, no Porto, resolveu falsificar vales de correio para conseguir dinheiro. Munido de uma pequena tipografia, onde não faltavam sequer carimbos falsificados, o homem ia às estações de correio buscar vales de correio, que depois falsificava, designadamente escrevendo o nome do Centro Regional de Segurança Social do Norte, como forma de lhes dar mais credibilidade, atendendo a que os vales postais são uma das formas de envio de dinheiro mais utilizadas no nosso País.
Além disso, o burlão tinha na sua posse diversos bilhetes de identidade, alguns dos quais extraviados e outros furtados. O homem escolhia um Bilhete de Identidade (BI) e escrevia o nome ali constante no vale do correio. Depois, ia às compras,” normalmente em supermercados e outros estabelecimentos”, como referiu a nossa fonte policial. O burlão comprava alguns artigos, que pagava depois com o vale postal, normalmente com um valor muito superior ao das compras, pelo que recebia uma quantia considerável em forma de troco. O burlão ganhava de duas maneiras: tinha produtos e dinheiro.
O homem burlou comerciantes em diferentes cidades, nomeadamente, Porto, Valongo, Gondomar, Vila Nova de Gaia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Guimarães e Amarante.
Ainda de acordo com a mesma fonte, “regra geral, os comerciantes não reparavam que a foto do BI não correspondia à pessoa que ali estava. Isto revela alguma negligência, porque é importante que as pessoas verifiquem os dados constantes do vale postal, que, só por si, não tem muitos elementos de segurança, e os comparem com os dados do BI”, salientou a mesma fonte.
Os comerciantes só davam conta da burla quando iam às estações de correios levantar o dinheiro e eram informados que os vales eram falsos.
E foi a partir daqui que alguns comerciantes denunciaram o caso à PSP, tendo então entrado em acção os elementos da Divisão de Investigação Criminal (DIC). O primeiro caso foi denunciado há seis meses. Desde então, os polícias foram desenrolando um complicado novelo, com vários nós pelo meio, porquanto eram muitas as identidades usadas pelo burlão, devido à quantidade de BI que usou. Apesar disso, prevaleceu a argúcia dos elementos investigadores que conseguiram descobrir a verdadeira identidade do suspeito.
Entretanto, os agentes apuraram que pelo menos 20 comerciantes tinham sido burlados em mercadoria no valor de cerca de 15 mil euros. Isto porque foram estes 20 que denunciaram terem sido burlados à Polícia.
Ontem, munidos de um mandado de busca e apreensão, os elementos da DIC foram a casa do suspeito, onde aprenderam material da pequena tipografia, designadamente carimbos. Os polícias apreenderam também uma arma de chumbos, “que podia passar por uma verdadeira, dadas as semelhanças”, frisou a fonte policial, assim como 600 euros que seriam alegadamente provenientes da prática ilícita.
O suspeito não foi detido porque não foi apanhado em flagrante delito, mas foi constituído arguido e notificado. A investigação continua até que o Tribunal o chame para responder em julgamento.
A PSP considera que com a descoberta deste indivíduo contribui para que os comerciantes estejam mais calmos, pois as burlas do suspeito vinham causando algum alarme social.

Manuela Pinto