O Comércio do Porto

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quinta-feira, setembro 08, 2005

Cronologia

Abstenho-me de dar opiniões sobre a polémica da cooperativa, irei apenas disponibilizar uma pequena cronologia de factos desde o lançamento da ideia da cooperativa até à reunião que juntou dezenas de pessoas na Cooperativa dos Pedreiros.

29 de Julho: A redacção é informada de que naquele dia será feita a última edição do jornal. O presidente do Sindicato dos Jornalistas esteve na redacção e marcou um plenário para a segunda-feira seguinte, prometendo, nessa data, apresentar propostas de solução do problema.

1 de Agosto: Faz-se o plenário convocado pelo sindicato e o presidente desta instituição e as delegadas sindicais do jornal põem em discussão uma moção que defendia a via cooperativa como caminho a seguir para relançar "O Comércio do Porto" e "A Capital". Há várias intervenções de camaradas, expressando as opiniões acerca do assunto. A dada altura, é proposto que se passe de imediato à votação da moção. O camarada António Barroso (e bem, ia acrescentar, mas lembrei-me que prometi não dar opiniões) diz que não temos dados suficientes para aprovar esse caminho, propondo que a votação da moção seja precedida de esclarecimentos a todos os interessados e do debate entre estes. O presidente do sindicato propõe que na manhã seguinte todos que queiram se desloquem à Cooperativa dos Pedreiros, onde quadros do movimento cooperativo podem explicar a orgânica de funcionamento deste tipo de instituições e de que forma essa organização pode aplicar-se a empresas de comunicação social.

2 de Agosto: Menos de 20 camaradas aparecem para a tal reunião de esclarecimento de dúvidas com quadros do movimento cooperativo. Tendo em conta que a maior parte dos camaradas ainda vai à redacção, decide-se que, nessa mesma tarde, haverá um plenário na redacção para transmitir o essencial das explicações dos quadros do movimento cooperativo e para votar a moção apresentada na véspera. Durante esse plenário, sucedem-se as intervenções pessimistas de camaradas que afirmam não estar interessados na solução cooperativa, argumentando não acreditarem na viabilidade dessa forma de organização. Um dos camaradas, António Barroso, diz mesmo que um jornal nunca poderá ser gerido como uma cooperativa, porque tem de haver cadeia de comando e porque há decisões que têm de ser tomadas diariamente. Aconselha os interessados a criar uma cooperativa para gerir uma agência de informação em vez de um jornal. Perante o desânimo e o desinteresse geral demonstrados, a moção não chega a ser votada.

4 de Agosto: Faz-se um plenário semelhante na redacção de "A Capital" no qual participaram alguns elementos de "O Comércio do Porto". Cinco dos camaradas, das duas publicações, que se mostraram interessados na solução cooperativa assumem-se como fundadores para efeitos de inscrição no Registo Nacional de Pessoas Colectivas do nome "Alternativa - Produção Jornalística, CRL". Esse registo é feito e inicia-se o trabalho, com todos aqueles que se mostraram interessados nisso, para organizar e desenvolver a cooperativa de modo a relançar o mais rapidamente possível os dois jornais.

Sem nunca contactar os camaradas que no Porto estão a dinamizar a cooperativa, o jornalista Rogério Gomes mostra interesse no projecto, fazendo-o junto de um elemento do movimento cooperativo (desconheço de quem partiu a iniciativa do contacto). Na posse dessa informação, uma elemento da comissão dinamizadora da "Alternativa" entra em contacto com Rogério Gomes para aquilatar desse mesmo interesse. Além disso, o presidente do sindicato, Alfredo Maia, marca um encontro com Rogério Gomes para debaterem o assunto. A esse encontro, além de Maia e de Gomes, vai também António Barroso.

12 de Agosto: Na sequência daquele encontro, realiza-se uma reunião na Cooperativa dos Pedreiros que senta à mesma mesa o presidente da "Uninorte", a comissão dinamizadora da "Alternativa" e Rogério Gomes e António Barroso. Estes dois camaradas são postos ao corrente dos passos todos que foram dados até então, incluindo da negociação que já se iniciara com a administração de "O Comércio do Porto" e "A Capital". Entre os dados que lhes foram transmitidos estão os dados económico-financeiros da negociação e os projectos da dinamizadora da "Alternativa" e do movimento cooperativo para as negociações subsequentes. Dada toda esta informação, eu próprio quis saber o que motivou Rogério Gomes e António Barroso a quererem aderir à cooperativa tão depois de o processo se ter iniciado. Ambos deixaram claro que o facto de ali estarem não significava que fossem aderir à cooperativa "Alternativa". Mais: ficou dito que os dinamizadores mantinham a ideia de que a cooperativa continuava com o objectivo de reabrir os dois jornais, tentando manter os postos de trabalho. Já no final da reunião, Rogério Gomes vincou que havia uma diferença de perspectivas entre ele e os dinamizadores. Nós, dinamizadores, queríamos salvar postos de trabalho. Ele, Rogério Gomes, queria salvar o jornal (sublinhe-se "o jornal", por contraponto a "os jornais"). Depois deste encontro, ficámos à espera que Rogério Gomes e António Barroso dissessem se, afinal, queriam ou não aderir à cooperativa. Nada disseram, até que:

19 de Agosto: António Barroso coloca um texto neste blogue convocando todos os ex-trabalhadores de "O Comércio do Porto" para debaterem a solução cooperativa no dia 22. Fê-lo sem dar conhecimento a qualquer dinamizador da "Alternativa", sem perguntar se alguém estaria disponível ou não para prestar esclarecimentos sobre o processo e sem esclarecer junto desses mesmos dinamizadores se queria ou não integrar a cooperativa. Respondi a esse texto e uma das coisas que disse foi, como não se têm cansado de referir, "Bora lá debater". Fi-lo unicamente em nome pessoal e nunca em nome do grupo dinamizador, o qual, aliás, não integrei desde o início mas do qual resolvi aproximar-me com disponibilidade para ajudar no trabalho que vi estar a ser meritório. Depois de colocar esse comentário, por respeito pelos meus camaradas que estão no processo desde o início e que têm trabalhado como cães pelo projecto, decidi não participar nessa tal reunião convocada pelo camarada António Barroso, já que entendi, após reflexão, que a convocatória desse encontro sem dar cavaco àqueles que tanto trabalharam desde o começo foi uma grande falta de respeito.

E mais não tenho para dizer, porque se o fizesse quebraria o meu compromisso de não opinar. Aliás, só me dei ao trabalho de coligir estes dados todos, porque é provável que houvesse camaradas ainda na ignorância dos factos aqui descritos.

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