O Comércio do Porto

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quarta-feira, agosto 24, 2005

O divinal pontapé no cu

A senhora dona Diva Lima, em nome da gerência da empresa proprietária de "O Comércio do Porto", escreveu-me uma carta registada com aviso de recepção, no dia 19 de Agosto. Motivo da missiva: anunciar-me, não fosse eu andar distraído, que a publicação do jornal foi suspensa. Ora, como a suspensão ocorreu no dia 30 de Julho, pareceu-me esquisito. Mas depressa se desfez o enigma. O que a senhora queria comunicar-me, afinal, é que, na opinião da empresa, eu não tenho direito a um tostão de indemnização. É pena que a senhora não seja mais clara, a empresa está a passar por dificuldades financeiras, pelo que podia poupar nos tinteiros. Para dizer o que queria, não precisava de escrever quatro parágrafos e podia, ao menos, ter dito textualmente o que desejava.
Mas não o fez. Optou pelos eufemismos. Tratando-me elevadamente por V. Ex.ª, a senhora dona Diva Lima informou-me que eu apenas prestava uma "colaboração pontual" ao jornal. Como gosto sempre de aprender, foi com gosto que tomei contacto com esse novo conceito de "colaboração pontual". Foi uma descoberta saber que se trata de uma mera "colaboração pontual" escrever 278 peças nos últimos 365 dias de publicação do jornal. Por esse trabalho recebi um total de 4380 euros, uma mísera média de 398 euros por mês (fiz as contas a 11 meses, porque só no final de Agosto me disponibilizarão o pagamento pelas minhas peças de Julho). Tal ritmo de produção implica escrever mais do que uma peça por dia útil de trabalho, mas a senhora dona Diva Lima chama-lhe mera "colaboração pontual". Eu chamar-lhe-ia, para além de uma grande falta de respeito, um divinal pontapé no cu. É importante que a emoção e o desespero pela falta de emprego não nos leve a perder a memória da falta de respeito pelas pessoas que também caracterizou o dia-a-dia do jornal.

1 Comments:

  • At 24 agosto, 2005 16:05, Blogger Dora said…

    É muito fácil devolver esse pontapé. Cá estarei a testemunhar por ti caso seja necessário provar que colaboração pontual fazia quem geriu tão mal esse jornal.
    Um grande abraço

     

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