Sugestão de Leitura - Zorro - O Começo da Lenda (Isabel Allende)
“Zorro - O Começo da Lenda” – Isabel Allende
“Zorro - O Começo da Lenda”, de Isabel Allende, tem sido com todo o mérito um dos bestsellers literários deste Verão. Num projecto único estão unidos um dos heróis mais populares do mundo - Zorro - e uma das mais conceituadas escritoras da actualidade - Isabel Allende. Estes dois ingredientes por si só não bastam para fazer um bom livro, mas a verdade é que neste caso isso aconteceu. E a ideia até era arriscada, porque Allende fez sucesso como autora de outro tipo de obras e pegar num herói já com nome e personalidade feitas poderia ser limitativo. Contudo, Isabel Allende soube respeitar o justiceiro da mascarilha e construiu uma infância e juventude que encaixam na perfeição na ideia que temos de Zorro.
“Limitada” pelas características imutáveis de Zorro, a escritora aplicou toda a sua imaginação e fantasia na construção de um “passado” para o herói e, acima de tudo, para o homem que o “criou”, Diego de la Veja. Recorrendo para tal a uma escrita rica mas acessível.
Assim, na primeira parte do livro acompanhámos a infância de Diego, muito antes de este um dia sequer imaginar que viria a ser um herói misterioso. Diego nasceu no sul da Califórnia no século XVIII, filho de importante fazendeiro e de uma índia guerreira e da mistura destes dois mundos está a “essência” do espírito de Zorro. Diego tanto aprende os hábitos da aristocracia proveniente de Espanha colonizadora, como os costumes dos índios colonizados. Assim, é ao mesmo tempo fidalgo, um senhor, e um jovem com espírito selvagem e corajoso. A unir estes dois mundos está um grande sentido de justiça, que começou a germinar quando viu o tratamento infligido aos índios pelos colonos.
Diego cresce (e vive) acompanhado por Bernardo, amigo para todas as ocasiões, que nasceu praticamente em simultâneo com ele, o que faz dos dois verdadeiros irmãos. O que um tem em força e impulso, o outro contrabalança com ponderação.
Aos 16 anos, para receber uma educação europeia, Diego parte para Barcelona, acompanhado pelo inseparável Bernardo. A viagem por mar tem a particularidade de efectuar uma passagem pelos Açores.
Neste ponto do romance, Isabel Allende mistura a aventura e a acção com conhecimento histórico, já que retrata fielmente a situação de Espanha, então ocupada pelos franceses, liderados por Napoleão. Diego de la Vega cai precisamente entre estes dois mundos, com os quais convive diariamente. São tempos complicados para Diego, tanto pela instabilidade política e militar como pelo facto de ter despertado para o amor, invariavelmente não retribuído – pelo menos pela parte das raparigas por quem se apaixona, o que será uma constante na sua vida.
É em Barcelona que acaba por nascer Zorro, quando Diego tem de socorrer, em segredo, algumas pessoas que lhe são próximas. Para isso faz-se valer dos seus conhecimentos de espadachim, aprendidos com um verdadeiro mestre de esgrima e mentor que o iniciou na sociedade secreta “A Justiça”, que se dedica a ajudar pobres e indefesos.
Mas nem tudo corre bem a Diego, que a certa altura se vê obrigado a regressar à Califórnia para ajudar a família que o acolheu em Barcelona e que entretanto caiu em desgraça. A pé e em segredo atravessam Espanha, disfarçados de peregrinos de Santiago, em direcção à Corunha, onde apanham o barco para a América.
É nesta fase que se assiste à consolidação da personagem Zorro, com a parte justiceira de Diego a levar a melhor mesmo que para isso tenha de abdicar de alguns prazeres da vida que teria por garantidos.
Neste livro há acção, amores e desamores, duelos, piratas, viagens, humor, morte, sofrimento, ou seja, todos os condimentos de um grande romance de aventuras, que em tudo honra o “futuro” de Zorro.
“Zorro - O Começo da Lenda”, uma edição da Difel e Círculo de Leitores, está à venda por 19 euros.
P.S. - podem visualizar Diego/Zorro com a cara de Antonio Banderas. Foi assim que a autora o imaginou.
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